Por: Ana Luiza Silva Profeta, Antonio Moncorvo Mascarenhas, Eduarda Fernandes Freitas, Jade Carceroni de Sousa Carvalho, Maria Clara Ferreira Neuenschwander e Valéria Esteves Lourenço
Recentemente, um caso de contrabando de animais exóticos recebeu uma grande atenção da mídia e da população como um todo. O caso em questão é o do estudante de veterinária Pedro Krambeck, que foi picado por uma naja (Naja kaouthia) que ele criava ilegalmente em uma chácara próxima à Brasília, na região de Planaltina.Esse acontecimento evidenciou diversas discussões, não só sobre o contrabando, mas também sobre a inserção de espécies exóticas no ecossistema brasileiro, assim como seus possíveis impactos.
Foto do ensaio fotográfico da cobra naja que picou estudante de 22
anos. Foto: Ivan Mattos/Zoo de Brasília
Mas, você sabe o que é uma espécie exótica? E uma espécie invasora? Uma espécie exótica é toda aquela que se encontra fora de sua área de ocorrência natural, ou seja, que foi inserida propositalmente, ou não, em um ecossistema diferente do seu de origem. Nesse sentido, muitas pessoas acreditam que a inserção de uma espécie exótica, necessariamente, é prejudicial ao seu novo ecossistema, entretanto, nem sempre isso ocorre, como no caso da Mangueira, que é originária da Ásia e não causa nenhum problema para as espécies brasileiras. Quando uma espécie exótica causa problemas às espécies nativas, chamamos de Espécie Exótica Invasora, ou apenas Espécie Invasora.
No Brasil, são conhecidos diversos casos de espécies invasoras inseridas de forma proposital ou não. Por exemplo, o Caramujo-gigante-africano (Achatinafulica), natural do leste da África, foi introduzido por criadores em meados de 1980, com o objetivo de ser vendido como uma alternativa ao escargot, uma iguaria da culinária francesa. Porém, por ter uma carne mais dura que a do escargot seu consumo não se tornou popular no Brasil e, por desinformação, os criadores os soltaram na natureza. Outro exemplo de inserção de espécie invasora é o caso do Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), originário do sul da Ásia, que veio parar no Brasil grudado nos cascos dos navios. Tanto o Caramujo-africano quanto o Mexilhão-dourado causam diversos impactos ambientais no Brasil. No caso do caramujo, o animal compete com as espécies nativas por recursos, e, além disso, como não tem predadores naturais, é resistente e possui boa capacidade de reprodução, se tornou uma praga agrícola no Brasil inteiro. Já a invasão do Mexilhão obteve sucesso por motivos semelhantes, entretanto, seu impacto na economia é ainda maior. Como ele tem uma grande capacidade reprodutiva, estima-se que em 50 hidrelétricas brasileiras o mexilhão-dourado atua como praga ao passo que se incrusta em superfícies e, em pouco tempo, chega a uma densidade de 100 mil indivíduos por metro quadrado - Dados do IBAMA -, sendo que esse alto número de mexilhões obriga as hidrelétricas a aumentar o volume de manutenções, o que ocasiona um maior gasto.
Lesma africana gigante tirada perto de Pattaya, Tailan dia. Foto: AhoErstemeier.
População de Mexilhão Dourado em barco- Foto: Cbeih
Sabemos que esses casos não são pontuais e que, muitas vezes, são ignorados, seja por descaso de autoridades ou por pura desinformação. Nesse aspecto, é possível perceber o impacto negativo que a ausência de ações relacionadas à educação ambiental tem ao promover a desinformação quanto a temas tão relevantes. Portanto, acreditamos que para que seja possível minimizar futuros problemas relacionados à inserção de espécies invasoras, é necessário que haja um maior comprometimento com a educação ambiental, principalmente para os mais jovens que ainda estão em processo de formar uma mentalidade crítica. Mas, de que forma isso seria possível? Acreditamos que as escolas devem oferecer palestras, cursos, excursões e aulas práticas, a fim de proporcionar aos alunos a capacidade de receber informação sobre a inserção de espécies exóticas e invasoras e seus impactos no ecossistema brasileiro, de forma a se capacitar a tomar melhores decisões quanto ao meio ambiente com o intuito de evitar possíveis problemas e valorizar o ecossistema natural. Junto a isso acreditamos ser importante fomentar a divulgação cientifica e o acesso das crianças a sites, blogs e meios de comunicação como esse, com o intuito de trazer pautas relevantes ao nosso desenvolvimento enquanto sociedade, e isso sempre com linguagem acessível à população a fim de uma maior abrangência.
Bibliografia: https://www.icmbio.gov.br/cbc/images/stories/Publica%c3%a7%c3%b5es/EEI/livro-V2_002.pdf
https://mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-de-especies/especies-exoticas-invasoras.html
http://www.institutohorus.org.br/download/Estrategia_nacional/Modelo_estrategia_nacional_port.pdf
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/811285/1/ADM075.pdf