A paleontologia é uma área da ciência que não é muito difundida no ensino básico nem para a população em geral fora da escola. Porém os museus são grandes veículos de disseminação da paleontologia e de suas descobertas sobre o nosso passado. Mas você pode estar se perguntando como surgiram os museus e porque eles são importantes; então vamos lá!
A palavra museu origina da Grécia antiga como “casa das musas”, ou seja, seria a casa das esposas dos deuses antigos. Essas mulheres eram consideradas “donas da memória absoluta, imaginação criativa e presciência [...] Sendo assim os museus seriam espaços privilegiados nos quais era possível descansar a mente, esquecer dos problemas cotidianos e focar no pensamento profundo e criativo para artes e ciências” (Suano, 1986, adaptado)
Para entender a relação entre a Paleontologia e os museus, a Grécia antiga foi bem importante pois foi nesta época que o termo fósseis foi definido adequadamente pela primeira vez.
Alguns filósofos interpretaram a palavra como restos de um passado diferente dos seres atuais. Porém, no decorrer dos séculos, diversos pensadores e estudiosos estabeleciam novos significados para o termo. Quando surgiu o pensamento científico lá na época do Renascimento, os pensadores decidiram separar os fenômenos naturais da teologia, desenvolvendo assim as disciplinas científicas. A primeira delas foi o estudo da “história natural”.
Este novo pensamento de separação dos fenômenos naturais, deu um ponta pé no desenvolvimento dos chamados “gabinetes de curiosidades”, o precursor do que hoje chamamos de museus. Estes gabinetes continham coleções particulares com uma variedade de objetos, antiguidades antigas, curiosidades naturais como corais, plantas exóticas e etc.

Os gabinetes, no século 18-19, na época do Iluminismo, passaram a ser vistos como espaços não só de exposição de artes, mas também espaço para estudos científicos e formação do conhecimento. E foi no fim do século 19 que os primeiros gabinetes foram abertos ao público iniciando assim, a difusão do conhecimento para o público leigo. A partir disso, os primeiros museus modernos foram sendo criados.
Mas tudo isso aconteceu na Europa, aqui no Brasil o primeiro museu brasileiro foi criado em 1794, nomeado como “Casa dos pássaros”. Os museus surgiram no Brasil antes mesmo das universidades e tinham como objetivo pioneiro de “oficializar” algumas áreas do conhecimento que antes não obtinham tamanha importância científica para o Estado. Dentre elas estão a Paleontologia, Antropologia e a Fisiologia experimental. A Casa dos Pássaros tinha um aspecto muito colonial, as peças tinham relação com a natureza de Portugal. Já em 1818 foi criado o Museu Real que futuramente passou a ser chamado de Museu Nacional.
O Museu Nacional tinha uma pegada diferente da Casa dos Pássaros. Ele tinha um viés enciclopédico e universal, ou seja, ele era usado para armazenar e catalogar as coleções cientificas para fins de estudo taxonômico e sistemático.
No fim do século 19, surgiu um novo conceito de museu que tinha o intuito de colaborar na modernização e especialização dos museus. Neste novo conceito era considerado que os museus tinham duas novas funções: colaborar com a educação e com a investigação científica. É a partir desse novo conceito que podemos observar o início do processo de tornar os museus locais de divulgação científica da Paleontologia e outras áreas de conhecimento.
Atualmente, os chamados Museus de História Natural passaram a se especializar e foram intitulados de Museus de Ciências e são divididos em áreas especificas. Não só expondo peças agrupadas sobre a natureza em geral, mas determinando assuntos específicos para serem tratados em cada um deles.
Hoje, nossos museus não são apenas depósitos de objetos antigos, mas sim um palco de aprendizagem ativa. É um caminho para melhoria da compreensão de como o universo cientifico funciona. Sendo também uma forma de entretenimento.
Os museus de ciências podem ter três tipos de abordagens:
1. Abordagem oncológica: apresenta a natureza e suas causas. Aqueles museus que possuem diversas peças de fosseis minerais, animais e vegetais.
2. Abordagem histórica: constroem uma narrativa coerente com a história da ciência. Ele mostra como o estudo das ciências agiram sobre as sociedades.
3. Abordagem epistemiológica: apresenta os instrumentos científicos, como que o processo cientifico funciona.
No caso da Paleontologia, os museus utilizam, em sua maioria, a abordagem ontológica. Apresentando várias e várias peças de espécies diferentes. Como nos filmes americanos com peças gigantes de dinossauros e outros animais, como por exemplo o famoso filme, Uma Noite no Museu.
Os museus brasileiros, infelizmente, vêm sendo considerados antiquados em relação a museus estrangeiros. Isso ocorre devido à falta de investimento financeiro na cultura, o que dificulta na obtenção e manutenção do acervo, realização de novas exposições, obtenção de novas tecnologias.
Mas mesmo com toda a dificuldade, aqui no Brasil, várias atividades vêm sendo desenvolvidas para suprir o “atraso tecnológico” e manter firme o objetivo de tornar os museus e o estudo de paleontologia (e outras áreas do conhecimento) mais acessíveis e interessantes para a comunidade leiga.
Alguns exemplos de exposições super interessantes e didáticas aqui no Brasil são:
1. A exposição permanente de paleontologia do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG com conteúdos didáticos demonstrando uma visão histórica da vida na terra.
2. A exposição itinerante de paleontologia do Vale do Rio Gravataí em Porto Alegre que possui painéis ilustrativos, cartilhas e atividades recreativas falando sobre a história paleontológica da região.
3. O Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da Universidade de Ouro Preto que oferece oficinas, visitas orientadas, kits educacionais e exposições temporárias.
E diversos outros!

Com isso, vimos que os museus são uma alternativa superinteressante, divertida e didática de aprender sobre paleontologia fora da sala de aula. Sem contar que dá para levar a família toda para o museu e todo mundo aprender um pouco mais sobre essa área da ciência. Infelizmente, nosso país ainda não oferece subsidio suficiente para o aprimoramento e conservação dos nossos museus. Por isso, é importante lutarmos por essa causa e apoiar a cultura e a ciência no nosso país.
Sendo assim, quando a pandemia acabar, vá ao museu! Divirta-se!
Artigo utilizado para elaboração do texto: <encurtador.com.br/ezEG4>
Muito bom, Tamiris! Não só lutar pela causa e apoiar a cultura e a ciência, mas também divulgá-la, da belíssima forma como fez aqui. Adorei o seu texto. Parabéns.