Foi descoberto na Formação Crato, Grupo Santana, Bacia do Araripe, NE-Brasil, Cretáceo Inferior, um esqueleto muito bem preservado, praticamente completo e articulado de um Tupandactylus navigans. Ele pertence à família dos tapejarideos, e tem um ancestral comum com os pterossauros. Quase a totalidade dos fósseis brasileiros de tapejarideos é identificada por crânios isolados ou esqueletos que não são completos. Esse novo fóssil encontrado está com o esqueleto praticamente completo, tem o crânio e o pós-crânio completos e ainda tem boa parte dos tecidos moles preservados, essa condição faz com ele seja o tapejarideo mais íntegro descoberto até hoje.
O gênero Tupandactylus é um fóssil singular devido a sua grande crista sagital (proeminência no topo do crânio), que é constituída de tecido mole. O fóssil encontrado tem uma envergadura de mais ou menos 2,70 metros e foi considerado um indivíduo adulto porque se considerou o modo como foi fundido o seu esqueleto e também na comparação com outros tapejarideos.
Uma característica comum em pterossauros (que possui o mesmo ancestral do Tupandactylus navigans) é que não podemos separar a pré-maxila da maxila, pois não existe uma junção perceptível entre elas. O Tupandactylus navigans possui o maxilar inferior sem dentes e a hemimandibula direita (osso da mandíbula), quando foi analisada por tomografia computadorizada (TC), apresentou um desvio ventral que pode significar que houve uma fratura antes de passar pelo processo de sepultamento, o qual o levou a fossilização.
Uma das estruturas mais características do Tupandactylus navigans é a crista sagital, constituída por tecido mole protuberante que pode ser cinco vezes maior do que o tamanho do seu crânio. É interessante notar que o fóssil apresenta a mão esquerda completa, com a formação falangeal no modelo 2-3-4, o que significa que ele possui três dedos, que são os correspondentes aos dedos indicador, médio e anular. Outra característica comum aos pterossauros é que eles têm somente quatro dedos nos pés; e apresentam a formação falangeal modelo 2-3-3-4, indicando que eles possuem os dedos correspondentes aos dedos indicador, médio, médio e anular.
Em um primeiro estudo sobre o Tupandactylus navigans, ele foi separado do Tupandactylus imperator, pela diferenciação na sua crista sagital (que fica no crânio) a qual é perpendicular ao crânio e não tem uma dilatação posterior. Estas e outras discrepâncias não eliminam a chance de o dimorfismo sexual (quando os indivíduos têm características morfológicas diferentes entre os sexos) ser a explicação na hora de fazer a separação entre as espécies. Portanto, a utilização das cristas sagital e dentária na hora do acasalamento pode ser um processo a ser discutido para a espécie pterossauro, pois o Tupandactylus navigans e o Tupandactylus imperator podem representar os dois sexos de uma mesma espécie onde há o dimorfismo sexual.
Quanto ao voo, pode-se inferir que o Tupandactylus navigans não era um pterodactiloide voador (pode ter feito voos de curtas distâncias, como para fugir de um predador), pois os seus membros anteriores são grandes e a sua coluna cervical é mais longa, indicando um estilo de vida de forrageamento (é o ato da busca do alimento) terrestre. Há ainda que se ressaltar que a forma do crânio do Tupandactylus navigans é semelhante à do Tapejara wellnhoferi, e este teve a sua dieta citada como sendo de ingestão de vegetais duros, os quais são encontrados no solo. As características do voo e o provável forrageamento terrestre, carecem de um estudo mais detalhado e de mais análises biomecânicas.