Caminhando por aí de boa durante uma das grandes glaciações da terra, os mamutes foram um dos os mamíferos que viveram na conhecida Era do Gelo (Pleistoceno) que teve seu fim a aproximadamente 11 mil anos atrás. Por serem animais tão grandes, belos e imponentes além de aparecerem em diversos filmes, acabaram se tornando um dos principais representantes da megafauna do Pleistoceno.
Um fato bastante curioso é que eles nem sempre tiveram essa morfologia típica (peludos e com depósitos de gordura marrom) como os Mamutes Lanosos e Colombianos (que viveram no Pleistoceno Superior), que na verdade são ramificações jovens da árvore evolutiva dos mamutes.
Novos dados genômicos que ajudam a entender melhor o intervalo de tempo onde os mamutes conseguiram desenvolver adaptações para o ambiente frio se tornaram possíveis graças a três novos fósseis de mamutes do Pleistoceno Inferior e Médio, sendo eles: Dois mamutes da estepe nomeados de Krestovka e Adycha, que viveram há mais de 1 milhão de anos e representam duas linhagens genéticas independentes. Já Chukochya, o outro exemplar é representante dos Mamutes Lanosos de aproximadamente 650 mil anos descendente da linhagem de Adycha.
Os pesquisadores fizeram análises genéticas que apontam que mais de 80% das variações genéticas que permitiram os mamutes lanosos ocuparem regiões frias já estavam presentes no seu ancestral Adycha. Esses genes estão principalmente relacionados a importantes fatores como por exemplo, crescimento de cabelos/pelos e queratinização ajudando a blindar esses enormes animais contra o frio extremo da região onde moram. A presença de tecido marrom também é importante, pois esse tipo de tecido adiposo que é presente em alguns animais é usado para gerar calor em um processo chamado termogênese. Além disso, genes relacionados ao ritmo circadiano provavelmente os ajudaram a se adaptar metabolicamente com as variações de luz e temperatura ao longo dos dias frios e noites da região.
Os cientistas acreditam que o gene TRPV3 foi crucial para a adaptação desses animais ao ambiente frio do pleistoceno superior pois codifica um canal receptor transiente sensível a temperatura, afetando ao mesmo tempo a termo sensibilidade, o crescimento do cabelo e o acúmulo de depósitos de gordura. Isso foi comprovado através de estudos anteriores feitos com ratos com nocaute de TRPV3 (esses animais preferem temperaturas mais frias). Curiosamente, das quatro substituições observadas no gene TRPV3 nos mamutes lanosos do Pleistoceno Superior, observamos apenas duas no mamute lanoso primitivo (Chukochya) e seu ancestral (Adycha).
