Paloma Dune
19 de abr de 20214 min
Atualizado: 29 de jun de 2022
Quando o assunto é fezes, muita gente faz careta ou dá gargalhada. Porém, esse assunto também deve ser tratado com seriedade, pois a partir da observação das características, como cor e textura das fezes, podemos identificar sinais da nossa saúde. Confira aqui no artigo, qual a cor normal das fezes e o que a alteração na cor pode significar.
Quer ir para alguma parte específica deste artigo? Basta clicar em qualquer um dos tópicos:
Qual a cor normal das fezes?
O que são fezes?
Por que o cocô é marrom?
Alteração na cor das fezes é perigoso?
O que significa as diferentes cores das fezes dos bebês?
O cocô na sala de aula
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As fezes, mais conhecidas como cocô, são um conjunto de resíduos que o corpo não digeriu e elimina na defecação.
Está enganado quem pensa que as fezes são, simplesmente, o resto dos alimentos que ingerimos. Na verdade as fezes também contém microrganismos mortos, carboidratos da parede celular dos vegetais que não digerimos (celulose), células epiteliais descamadas e um pouco de água.
Em condição saudável, o nosso organismo não descarta nutrientes essenciais, como lipídios e proteínas, pela defecação. Então, ao notar alterações na cor normal das fezes, precisamos ficar atentos ao sinal que nosso corpo fornece.
Acredito que você já observou seu cocô em diversas situações, então deve ter notado que a cor normal das fezes é marrom. Para entender o que causa esta coloração é importante conhecer a história da bilirrubina: o pigmento responsável pelo cocô marrom.
A história da bilirrubina começa no baço com a morte de hemácias velhas, que durante sua degradação liberam átomos de ferro capazes de produzir um pigmento verde, conhecido como biliverdina.
Este pigmento passa por transformações químicas enquanto é transportado pelo sangue. No momento da viagem, o pigmento recebe o nome de bilirrubina indireta. Ao chegar no fígado, a bilirrubina absorvida é conjugada com ácido glicurônico (ácido que participa da desintoxicação celular) para aumentar sua solubilidade em água.
Em seguida, a bilirrubina conjugada (pigmento avermelhado) é secretada na bile e é liberada no intestino. A partir daí, as bactérias da microbiota intestinal interagem com a bilirrubina e ela perde sua conjugação. Assim, ela não pode ser absorvida no intestino e tem dois finais possíveis: ser eliminada via urina ou via fezes (esta é mais comum) .
No tópico anterior explicamos porque a cor normal das fezes é marrom, então, qualquer alteração na coloração deve ser vista como um alerta. Geralmente, mudanças na pigmentação das fezes não são a causa do problema, e sim um sinal deste.
Na avaliação de doenças hepáticas (doenças que atingem o fígado) é muito comum medir a quantidade de bilirrubina disponível no sangue e identificar se ela está conjugada ou não, para reconhecer se há desordem no organismo, tal como a icterícia, caracterizada pela coloração amarelada da pele, das membranas e das mucosas.
A icterícia reflete o desequilíbrio nas etapas de produção e/ou excreção do pigmento bilirrubina. Dessa forma, as alterações na cor das fezes são indicadores de icterícia. Cabe ressaltar, que a icterícia é classificada em três tipos, mas a mudança na coloração das fezes predomina na icterícia pré-hepática e pós-hepática.
As fezes marrons em um tom mais escuro do que o normal é um dos sinais da icterícia pré-hepática. Esse tipo de icterícia é caracterizado pela super produção do pigmento bilirrubina, graças a fatores que intensificam a morte de hemácias. Com o excesso de bilirrubina disponível, o fígado não consegue conjugá-la e acumula no sangue a forma livre do pigmento.
Diversos fatores podem intensificar a morte das células vermelhas e causar fezes muito escuras, tais como infecções bacterianas e parasitárias, além de intoxicação com veneno e com outras substâncias.
Fezes esbranquiçadas também são conhecidas como acolia fecal. Essa coloração é típica da icterícia pós-hepática causada por obstruções nas vias biliares. O bloqueio no caminho que leva até o intestino, causa um acúmulo de bilirrubina conjugada no fígado e no sangue, que posteriormente são depositados nos tecidos. Assim, as fezes não atingem a sua cor normal.
As fezes dos bebês variam de acordo com o tipo de alimentação, pois a dieta influencia no ritmo intestinal e nos nutrientes ingeridos. Geralmente, as fezes dos bebês são amarelas ou esverdeadas.
Em recém-nascidos é bastante comum casos de icterícia, pois a enzima (proteína que aumenta a velocidade da reação química) responsável por processar a produção do pigmento bilirrubina é sintetizada lentamente nos neonatos. Isso não significa a existência de doença, na verdade, faz parte da transição entre a vida dentro do útero e a vida após o nascimento.
Após a leitura do artigo, sabemos qual a cor normal das fezes e como a bilirrubina é
responsável pela cor marrom. Além disso, aprendemos que alteração na coloração das fezes é indicador de possíveis problemas de saúde. Agora que você já sabe qual a cor ideal das fezes, fique atento aos sinais que seu cocô te envia!
Esse é um assunto importante para se dar aos alunos, por se tratar de saúde, pois às vezes o corpo nos dá indicativos de irregularidades, mas não captamos-as por falta de informação.
Esse assunto também pode ser espalhado, pelo aluno, para os familiares e conhecidos, disseminando ainda mais as informações.
Baseado na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) abaixo estão as habilidades que podem ser trabalhadas nesse tema, para ajudar na preparação da aula.
Ensino fundamental:
(EF05CI07) Justificar a relação entre o funcionamento do sistema circulatório, a distribuição dos nutrientes pelo organismo e a eliminação dos resíduos produzidos.
Escrito por: Paloma Dune
Revisado por: Juliana Cuoco Badari
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Referências:
BERNE e LEVY. Fisiologia. 7ª Edição. Editores Bruce M. Koeppen; Bruce A. Stanton. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
Martinelli, A.L.C. Icterícia - Jaundice. Medicina, Ribeirão Preto v. 37, p. 246-52. doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v37i3/4p246-252.
Fujimura, I. (1965). Icterícias cirúrgicas. Revista De Medicina, v. 49, n. 1, p. 16-31. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v49i1p16-31.
Icterícia no recém-nascido: O que é? Causas e tratamentos. Vida saudável - Einsten, 2020. Disponível em: https://vidasaudavel.einstein.br/ictericia-no-recem-nascido-o-que-e-causas-e-tratamento/#:~:text=Causas%20e%20tratamento,-Publicado%20por%20Hospital&text=A%20icter%C3%ADcia%20%C3%A9%20um%20termo,um%20pigmento%20amarelo%20chamado%20bilirrubina. Acesso em: 17 de abril de 2021.