Ao que tudo indica, a terra formou-se há 4600 milhões de anos atrás enquanto o zircão mais antiga da crosta terrestre é datado de 4.374 milhões de anos atrás. Análises do relógio molecular indicam que Archea e as Eubacteria estavam provavelmente presentes na terra há 4000 milhões de anos atrás mas por outro lado o registro mais antigo de um fóssil foi há 3400 anos atrás. Para os cientistas, entender quando a vida de originou na terra não é uma tarefa simples mas os pesquisadores Altermann e Kasmierczak em 2003 consideraram que há três maneiras de procurar por evidências: biomarcadores, micro fósseis e estruturas sedimentares. E mesmo com essas considerações ainda é difícil de definir isso exatamente pois os registros fósseis são escassos e por isso, esse é ainda um debate em aberto para o mundo da ciência.
Os registros paleontológicos mostram que a vida surgiu mais ou menos há 3400 milhões de anos atrás, com células de micróbios que metalizam enxofre, interessante né? Mas essas células são complexas demais para descartar a ideia de que não existia vida antes delas, fazendo os cientistas acreditarem que a vida pode ter surgida na verdade ha 4200 milhões de anos! Os cientistas assumem que para existir vida, era necessário a água mas essa condição é válida pois acredita-se que já existia desde o início e tradicionalmente acreditam também que a vida originou-se nesse meio termo entre a água e a margem. Pouco pode ser falado pelos cientistas da composição dos oceanos dessa época e a questão da atmosfera ainda é uma grande discussão.
Uma questão importante para entender a origem da vida deve-se a evidências de isótopos e geoquímicas preseverdas em minerais (principalmente a evidência geoquímica que é considerada uma “assinatura da vida”), e é muito importante para os cientistas distinguir o que é realmente restos de um fóssil e estruturas abióticas que poderiam ter ficado marcadas no processo hidrotermal. Para essa questão, os cientistas utilizam técnicas como “Raman spectroscopy” para identificação dessas “bioassinaturas” em ambientes extremos e é vantajoso por guardar dados biológicos e geológicos. Estruturas sedimentares induzidas microbianamente (resultado da interação entre processos físicos e bioticos: dinâmica sedimentar) são outras características dessas bioassinaturas e o autor Noffkle reportou a presença da mesma em arenitos da época Arqueana na África do Sul, indicando a presença de tapetes micriobianos autotróficos.
Um estudo inovador com pedras vulcânicas foi feito por Banerjee e ele descobriu mais dessas bioassinaturas de icnofosseis microbianos em lavas datadas de 3400 a 3500 milhões de anos de idade. E essa descoberta é a evidência mais antiga de atividade microbiana.
É muito importante considerar que as pedras mais antigas da terra são pedras em constante metamorfoses e que podem tranquilamente apagar bioassinaturas. A identificação das primeiras marcas da vida é difícil pelo fato de que a pedra mais antiga da Era Palearqueana foi destruída e poucos lugares possuem essa pedra. Os fósseis da era Arquenaa são muito pouco preservados em relação a era Proterozoica e é muito difícil de distinguir formas bioticas de formas abióticas. Isso devido a difícil preservação e presença de atividade vulcânica ou de água.
A conclusão é que a extrema complexidade dos “primeiros” fósseis os tornam difícil de acreditar que realmente foram os primeiros e é um estudo em aberto.
Referência: Gómez-Espinosa, Catalina, María Colín-García, and Alicia Negrón-Mendoza. "The origin of life from a paleontological perspective, a review." Boletín de la Sociedad Geológica Mexicana 67.3 (2015): 413-420.
Que maaassa, Letícia! Pena que eu ainda não o tinha lido, para aula de ontem, onde falei justamente um pouquinho dessas evidências fósseis e a contribuição da paleontologia para o entendimento da origem da vida e para o registro das primeiras formas de vida que encontramos na Terra. Show.