Sempre que falamos de fósseis, é quase intuitivo pensarmos em ossos, animais extintos e claro, em dinossauros ,não é mesmo? Mas você sabia que a paleobotânica também é uma área extremamente interessante e vasta e que deve ser igualmente lembrada? A seguir, vocês vão conhecer alguns dos temas centrais abordados por este ramo da Paleontologia.
Avaliar as plantas e sua história evolutiva, permite-nos não somente distinguir espécies e nomeá-las, como também compreender diversos processos de alteração e diversificação da flora, e até as mudanças que possibilitam seres de ambiente aquático ocuparem o ambiente terrestre, por exemplo. Neste ramo da paleontologia, distingue-se os restos vegetais em duas categorias, sendo elas macro e microfósseis.
De maneira geral, os macrofósseis são facilmente visualizados a olho nu, como folhas, flores e sementes; enquanto os micro, dependem de aparelhagem mais sofisticada como microscópios para que sejam visíveis e identificáveis. O carvão vegetal que é encontrado nas escavações, permite a identificação da espécie, gênero e família, devido a análise dos vasos condutores da planta.
Madeiras são mais dificilmente encontradas em depósitos de ambientes terrestres e o estudo da conservação destas em ambientes aquáticos, tem se tornado relevante com o passar dos séculos. Mas o ponto primordial que quero ressaltar é a Dendrocronologia, um método que se utiliza da análise dos anéis de crescimento ( quando preservados, claro) e que permite, além de determinar a espécie vegetal e sua datação por meio da utilização do Carbono 14, deduzir a sua cronologia.
Uma das maiores dificuldades neste estudo é a reconstrução dos restos vegetais, que inúmeras vezes encontram-se desarticulados, tornando o estudo desses organismos difícil, como um grande quebra cabeças. Um exemplo bem sucedido de reconstrução é a Glossopteris. uma planta cuja flora é importante indicadora global da história evolutiva da Terra, devido a sua presença em diversos países enquanto ainda estavam unidos em uma grande massa, durante a Pangeia.
Assim como os fósseis animais, os fósseis vegetais passam por diversos processos que também dificultam sua fossildiagênese, ou seja, sua transformação em fóssil. Esses processos podem ser agentes intempéricos, como a chuva, por exemplo, que pode desmembrar partes da plantas, espalhando-as.
A análise de macrofósseis e de grãos de pólen, já permitiu inclusive a reconstituição da vegetação presente na época em que vivia a espécie Mammuthus primigenius. O achaodo fóssil do mamífero (encontrado em 2010, na Sibéria) no mesmo local em que os fósseis vegetais foram encontrados, permitiram a reconstituição vegetativa local como um mosaico tundra-estepe. Para saber mais sobre esse achado clique aqui https://www.gbif.org/species/4825833.
Para concluir, as plantas por si só já “contam” sua história. A presença de lignina em registros encontrados, por exemplo, pode sugerir resistência e crescimento em altura, assim como encontrar estruturas aladas podem demonstrar mecanismos adaptativos eficientes de dispersão e consequentemente de perpetuação da espécie. Além disso, por serem sensíveis à mudanças climáticas e possuírem órgãos como os estômatos, que em poucas palavras, garantem a realização das trocas gasosas nas plantas, são essenciais para o reconhecimento das alterações ambientes de cada período, tais como variações na incidência luminosa e aumentos nas concentrações de CO2 atm.
Concluímos então, que o estudo da paleobotânica é muito importante para inúmeras descobertas da história da Terra e que deve ser mais disseminado e receber mais atenção quando falamos de Paleontologia como um todo.
Figuras 1 e 2: MARQUES-DE-SOUZA, Juliane. Paleobotânica: o que os fósseis vegetais revelam?. Cienc. Cult., São Paulo , v. 67, n. 4, p. 27-29, Dec. 2015
Referências bibliográficas:
MARQUES DE SOUZA, J. Paleobotânica: o que os fósseis vegetais revelam?. Cienc. Cult., São Paulo , v. 67, n. 4, p. 27-29, Dec. 2015
RODÀ DE LLANZÀ, I., & ALVAREZ PÉREZ, A. (1992). Ciencias, metodologías y técnicas aplicadas a la arqueología. Barcelona, Fundació la Caixa.
Que legal Laryssa! Tema importante mesmo a ser difundido. Adorei o seu texto. Parabéns.