Você sabia que o ancestral comum de todos os eucariotos — incluindo humanos, plantas e fungos — era muito complexo? Nós sabemos que a ancestralidade comum é um dos lemas na biologia. Sendo assim, se todos descendemos de um ancestral comum, quem foi esse ser vivo que deu origem a toda diversidade do planeta?
O Primeiro Ser Foi o LUCA?
O LUCA (Último Ancestral Comum Universal) foi o ancestral de todos os seres vivos, surgido em uma Terra primitiva marcada por alta radiação, calor e atmosfera instável. Ele fazia parte de colônias de seres microscópicos e se destacou por se reproduzir, transmitindo características fundamentais da vida.
A partir do LUCA, surgiu o LECA (Último Ancestral Comum Eucariótico), que deu origem aos eucariotos, excluindo os procariotos. Diferentemente do que se pensava, o LECA já era uma célula altamente complexa, com sistemas avançados que sustentaram a evolução das linhagens eucarióticas.
Então, Quem Foi LECA?
Na ciência é bom definir algo a partir de algo, então vamos definir LECA a partir de LUCA. O LECA pode ser definido a partir do LUCA, com quem compartilha características como o DNA como material genético, o RNA para leitura e síntese de proteínas, e a membrana plasmática, que delimita a célula.
Sobre as diferenças, são várias e fundamentais para compreender como era LECA. Como LECA foi ancestral comum de todos os seres eucarióticos, ele possuía características comuns a todos nós. Algumas delas são: núcleo com envoltório nuclear (o que dá o nome de eucariótico), sistemas endomembranares (que surgiram de dobras das membranas da célula) adquirindo funções diferentes e mitocôndria (que um dia foi um procarioto que adentrou uma célula eucariótica).
O que a Paleontologia Molecular descobriu sobre LECA?
Podemos dizer que poucos fósseis foram deixados desse tempo que os seres vivos estavam sendo formados, então muito do que sabemos se deve à Paleontologia Molecular. Por isso, esse assunto não envolve fósseis tradicionais, mas sim a reconstrução e análise de traços moleculares e genéticos de organismos antigos, como LECA. A genômica comparativa, bioinformática e filogenia são tão poderosas que foram capazes de provar tamanha complexidade de LECA. É como montar um quebra-cabeça do passado usando pedaços que ainda existem. Sendo assim, descobriram que LECA era uma célula altamente complexa, com núcleo, mitocôndrias, sistemas endomembranares, citoesqueleto sofisticado e mecanismos avançados de regulação genética.
A evolução nem sempre segue um caminho de “simples para complexo”. No caso do LECA, ele era mais avançado do que muitos organismos atuais, como alguns parasitas que perderam sistemas ao longo do tempo. Isso mostra que a evolução não é uma escada linear, mas uma árvore cheia de ramificações, perdas e adaptações.
Hoje, ao estudarmos nossas próprias células, encontramos ecos do LECA em cada organela, proteína e função celular. Ele é um testemunho de como a vida pode evoluir de maneiras surpreendentes e organizadas. Graças à paleontologia molecular, podemos vislumbrar a história de um dos organismos mais fascinantes que existiram — e perceber que sua complexidade está na base de tudo o que somos.