O mundo tem sofrido com os impactos das ações humanas, como a poluição e alterações climáticas, e o ambiente marinho é um dos ecossistemas mais impactados. Os oceanos ocupam a maior parte do nosso planeta, abriga uma enorme diversidade de seres vivos e são essenciais para toda a vida na Terra; No entanto, os impactos humanos têm ameaçado o ambiente marinho e colocado diversas espécies em risco iminente de extinção.
Há um enorme esforço para a preservação ambiental entre biólogos e ambientalistas e esse tópico já ocupa pautas políticas e debates internacionais, dada sua enorme importância. Diversos métodos são usados atualmente para o cálculo de riscos e para a criação de ações conservativas, como a análise de características específicas das espécies ameaçadas, como o modo e duração de vida, hábitat e modos de reprodução, por exemplo. Um método adicional, proposto pelo artigo, seria a análise paleontológica (de fósseis de animais extintos) para calcular estimativas e fazer previsões da extinção de seres de diversos grupos taxonômicos.
O registro fóssil nos dá uma rica informação sobre extinções passadas e isso nos permite estimar o risco intrínseco de extinção dos diferentes táxons (grupos de organismos) atuais; Podemos também estimar as respostas bióticas desses organismos frente à diferentes estímulos e prever, graças ao risco intrínseco calculado, o risco de extinção no contexto atual, com os diversos impactos humanos no ambiente.
O registro fóssil marinho é muito rico e, nesse trabalho que analisou fósseis dos últimos 23 milhões de anos (período conhecido como Neogeno-Pleiostoceno), possui organismos muito similares e próximos aos táxons de hoje em dia. Esses indicadores podem complementar as avaliações de risco atuais, indicando os grupos mais vulneráveis de serem extintos, de acordo com a história evolutiva de seus antepassados.
A análise dos fósseis coletados indicou que o tamanho geográfico de distribuição das espécies e o grupo taxonômico no qual ela é incluída influencia fortemente em seu risco de extinção. Além disso, os táxons com maior risco intrínseco de extinção se concentram nas regiões tropicais, geralmente por possuírem mais espécies endêmicas (que ocorrem exclusivamente naquela região). Com esses dados, uma sobreposição foi feita, contendo as informações de locais com maiores impactos humanos e alterações climáticas.
Percebemos então que as regiões tropicais e subtropicais concentram os locais com organismos com maiores riscos de extinção e maiores impactos ambientais; Já as regiões extratropicais do hemisfério norte possuem alto grau de impactos ambientais, porém espécies com baixo risco de extinção; E por fim, as regiões extratropicais do hemisfério sul possuem baixo impacto ambiental e organismos com alto risco de extinção.
Fonte: Paleontological baselines for evaluating extinction risk in the modern oceans. Finnegan, S. et al
Entender como o risco intrínseco dos diferentes grupos e os impactos ambientais interagem entre si possibilita compreender melhor o risco real de extinção das espécies atuais, em um contexto onde os humanos fazem parte, e criar planos de conservação mais específicos e focados em regiões mais biologicamente relevantes.