Figura 1. Fóssil de mosquito da época dos dinossauros indica origem da malária. Revista Galileu, 2019.
Que os dinossauros tiveram grande sucesso evolutivo é fato, eles existiram entre 230 a 65 milhões de anos atrás, isso dá uma extensa história de 165 milhões de anos. Mas uma curiosidade pouco conhecida é sobre como essas espécies sofreram com mosquitos, tal como nós humanos sofremos cotidianamente.
Embora os dinossauros tenham sim um destaque e uma conquista do ecossistema por toda a Era Mesozoica, sobretudo no período Jurássico, eles não eram as únicas espécies habitando a Terra nesse período. Os insetos surgiram bem antes deles, a cerca de 350 milhões de anos atrás e coevoluíram com vários vírus e outros microrganismos patogênicos e se tornaram importantes transmissores de patógenos, inclusive no passado. Dentro desses insetos, se destacavam os mosquitos e os flebótomos, que são hematófagos e, durante o repasto sanguíneo, podiam transmitir algumas espécies de parasitos por meio da saliva.
Esses insetos não se intimidaram com a grandeza dos dinossauros e começaram a atacá-los, principalmente aqueles dinossauros que possuíam peles mais finas e com penas. E mesmo as espécies mais cascudas não fugiam desses mosquitos, uma vez que esses pequenos artrópodes conseguiam picá-los entre as escamas grossas de queratina desses animais. Enfim, todos estavam suscetíveis à picada desse assassino, afinal, utilizamos repelentes, inseticidas e até roupas longas para nos protegermos deles e, mesmo assim, somos atingidos, imaginem os dinossauros que não tinham nenhuma dessas proteções.
Mas como sabemos de tudo isso? Foram descobertos espécimes de dípteras conservados em âmbar, uma resina vegetal polimerizada, que continham sangue com DNA de dinossauros e tinham o material genético de uma das espécies do parasito causador da malária, que posteriormente também foram encontrados em coprólitos e no vaso sanguíneo de um tiranossauro. Isso só prova que os dinossauros sofreram os impactos do Plasmodium sp., que conseguiram superar o sistema imunológico desses organismos, por ser uma nova doença na área. E não para por aí, se formos analisar o clima da Terra na época dos dinossauros, percebemos que era o ambiente ideal para a reprodução dos mosquitos, por ser quente e úmido. Ou seja, os dinossauros não tinham chances contra a grande concentração de insetos hematófagos do período Jurássico.
Claro que a teoria do meteoro ter colapsado a Terra ainda supera a ideia dos mosquitos terem extinguido os dinossauros, pela quantidade de argumentos científicos que corroboram com essa teoria. Entretanto, é interessante pensar que a malária podia debilitar os dinossauros e ter contribuído com o declínio dessas espécies e terem dado espaço para a ascensão dos mamíferos. Assim, numa Era dominada pelos dinossauros gigantes e implacáveis, foram os pequenos e silenciosos mosquitos que mostraram que até os maiores reis tinham algum ponto fraco.