Recentes descobertas indicam que o comportamento de dormir das plantas evoluiu a mais tempo do que imaginávamos. O sono em questão se trata do mecanismo das plantas, denominado nictinastia, responsável por mover as folhas em resposta a estímulos ambientais, como a luz e a presença de herbívoros. Anteriormente, acreditava-se que somente as angiospermas tinham essa capacidade de “dormir”.
A descoberta foi feita por meio da análise de folhas fósseis de gigantopterídeos do final do período Permiano. Como? Através de marcas deixadas por insetos!
Os pesquisadores procuraram padrões de danos causados por insetos nas plantas fósseis, e nelas foram encontrados buracos simétricos que se assemelham ao das folhas de plantas nictinásticas modernas. Esses buracos nas folhas fossilizadas são sinais de herbivoria especializada, a simetria presente evidenciava a presença do movimento do sono nessas plantas pois ao se alimentar das folhas dobradas a marcação deixada pelo inseto era vista de forma espelhada nos dois lados da folha aberta. Dessa forma, os padrões encontrados fornecem evidências de uma origem antiga do movimento do sono nas folhas, e não relacionada com as angiospermas devido à distância filogenética.
A nictinastia tem sido observada em muitas plantas vivas hoje em dia, mas esse estudo fornece a primeira evidência de sua evolução convergente em diferentes linhagens de plantas. Sugerindo que a capacidade de fechar as folhas surgiu várias vezes na história evolutiva das plantas de forma independente. Uma descoberta que demonstra as possibilidades de inferir não apenas estruturas, mas também comportamentos de plantas e animais fossilizados por meio de observações mais detalhadas de interações de animais com plantas fósseis e modernas.
REFERÊNCIA: FENG, Zhuo et al. Specialized herbivory in fossil leaves reveals convergent origins of nyctinasty. Current Biology, v. 33, n. 4, p. 720-726. e2, 2023. Doi: 10.1016/j.cub.2022.12.043 Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0960982222019807