O ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) e as equidnas (gêneros Zaglossus e Tachyglossus) formam a ordem Monotremata, o único grupo de mamíferos viventes capazes de botar ovos. Esses animais, bem como seus parentes já extintos, estão restritos à Oceania, exceto pela espécie Monotrematum sudamericanum, que viveu na região da Patagônia Argentina durante o Paleoceno.

Reconstituição do extinto Monotrematum sudamericanum
A hipótese mais antiga a respeito da origem e diversificação dos monotremados sugere que estes são remanescentes de uma ampla radiação que começou durante o período Jurássico, havendo estudos que apoiam e que divergem de tal teoria. A descoberta de uma rica fauna de monotremados australianos do Cretáceo suporta a hipótese de uma linhagem diversa e especiosa, marcada por grandes tendências adaptativas acerca do tamanho corporal e morfologia mandibular. Por outro lado, algumas análises moleculares sugerem que ocorreu uma diferenciação entre mamíferos monotremados e eutérios (ou seja, que não botam ovos) por volta de 217,7 milhões de anos atrás, indicando que essa divergência se deu, na verdade, durante o Triássico.
Sabe-se, porém, que durante o Paleoceno, ornitorrincos basais se dispersaram para o sul da América do Sul através da Antártica, e posteriormente sofreram especiação onde hoje é a Austrália. Já o registro fóssil das equidnas sugere uma possível origem na Melanésia - região que inclui a Nova Guiné, Fiji e Nova Caledônia, entre outras ilhas -, durante o Plioceno ou início do Pleistoceno, com posterior dispersão para a Austrália.
A partir destes e de outros estudos, foi estabelecida uma nova família, chamada Teinolophidae, para o monotremado mais antigo conhecido, o Teinolophos trusleri, que viveu durante o Cretáceo Inferior e possuía uma massa corporal estimada em apenas 40 g. Assim como o ornitorrinco, T. trusleri provavelmente possuía um bico eletrossensível ou mecanossensível, utilizado para se alimentar de insetos nas florestas polares onde vivia. Além disso, Murrayglossus é reconhecido como um novo gênero de equidnas gigantes, que viveram no sudoeste da Austrália durante o Pleistoceno.
Esse grupo tão diferente de mamíferos gera bastante curiosidade e é permeado de diversos questionamentos, não apenas sobre sua linha evolutiva mas também sobre seus comportamentos, hábitos e particularidades, porém, é importante ressaltar a necessidade de se preservar suas espécies remanescentes, que estão em declínio devido à degradação de seu habitat pela ação humana.
Artigo fonte: FLANNERY, T. F.; RICH, T. H.; VICKERS-RICH, P.; ZIEGLER, T.; VEATCH, E. G.; HELGEN, K. M. (2022) A review of monotreme (Monotremata) evolution, Alcheringa: An Australasian Journal of Palaeontology, 46:1, 3-20, DOI: 10.1080/03115518.2022.2025900. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/03115518.2022.2025900>, acessado em: 25/09/2022
Muito interessante ver como a história dos monotremados nos faz repensar tantas certezas sobre a evolução — é como olhar para uma peça rara de um quebra-cabeça gigante que ainda estamos montando. Essa sensação de descoberta me lembra também como algumas formas de entretenimento, como os jogos de azar, têm lados pouco explorados ou compreendidos. Inclusive, achei esse artigo que fala justamente sobre isso, de forma bem direta: https://gamerview.com.br/artigos/o-lado-obscuro-dos-jogos-de-azar/. Vale a leitura pra quem gosta de refletir sobre os bastidores das coisas.