
Figura 1. Mosquito ingurgitado de sangue preservado em rocha por 46 milhões de anos.
Desde o lançamento do filme "Jurassic Park" há 30 anos, cientistas em todo o mundo se perguntam se é realmente possível trazer os dinossauros de volta à vida a partir do DNA encontrado no abdômen de mosquitos fossilizados. No entanto, somente em 2013, ocorreu um marco histórico quando pela primeira vez descobriu-se um mosquito ingurgitado de sangue preservado, datado de cerca de 46 milhões de anos (Eoceno médio), na Formação de Kishenehn, em Montana nos Estados Unidos. Este espécime foi encontrado em uma rocha (xisto) por um estudante de mestrado em geologia durante uma pesquisa de campo e posteriormente doado ao Departamento de Paleobiologia no Museu Nacional de História Natural (NMNH).
O espécime passou por várias análises laboratoriais que revelaram uma alta concentração de ferro no abdômen, juntamente com moléculas de porfirina, que são derivadas dos mecanismos de transporte de oxigênio pela hemoglobina no sangue. Para os fãs de "Jurassic Park", infelizmente, o fóssil não possui idade suficiente para ter coexistido com os dinossauros, mas ainda representa uma descoberta significativa para a ciência, uma vez que a preservação de insetos hematófagos é um evento extremamente raro.
Não é possível determinar a que organismo ancestral pertence o sangue encontrado no abdômen do mosquito, uma vez que o DNA se degrada rapidamente, sendo impossível sua preservação ao longo de 46 milhões de anos. Portanto, mesmo que tenhamos o sangue de um animal pré-histórico armazenado em um mosquito fossilizado, seria inviável trazê-lo de volta à vida como os dinossauros retratados no filme. Para clonar esses animais, seria necessário montar um genoma completo a partir de fragmentos de DNA e inserir esse material genético em um óvulo de uma espécie viva semelhante àquela à qual o sangue pertencia. Por enquanto, a criação de um "Jurassic Park" permanece no reino da fantasia.