Triceratops eram dinossauros "não-avianos" do cretáceo superior, que se distinguiam pela presença de um grande folho, uma hiperexpansão de ossos, formando um longo escudo na testa destes animais. Além disso, também possuem dois chifres acima dos olhos e outro na ponta do nariz. A provável função inicial do folho, era de exibição visual e de reconhecimento de espécie. Com a evolução, ess
es elementos passaram a ter função de proteção e utilização em combates durante disputas entre indivíduos da mesma espécie.

Big John é o nome dado a um exemplar fóssil de um espécime de Triceratops horridu. Nele é possível encontrar uma fenestra que perfura completamente o osso na parte direita do folho. Fenestras semelhantes tem sido encontradas em diversos Triceratops relacionados. Com isso duas hipóteses têm sido levantadas para explicar a presença desse “buraco”. A primeira explica que a fenestra está relacionada com a ocorrência de traumas, ou seja, lesões que podem ter sido causadas por predadores, ou mesmo por disputas entre esses animais. A segunda prevê que a fenestra é o resultado de reabsorção ou remoção de uma parte que não seria utilizada pelo animal, ou um sinal de envelhecimento.
Foram realizadas análises de fragmentos retirados da fenestra através de microscópios e observações. O formato da fenestra é de um buraco de fechadura, na parte interior foi encontrado osso reativo, característico de inflamação. Foram observadas estruturas de reabsorção óssea e alta vascularização. Na região próxima à lesão foi encontrada abundância de enxofre, diferente do resto do folho, que é característica de um tecido ósseo que está em processo de mineralização.
Como resultado dessas análises, é possível deduzir que a fenestra era constituída de tecido ativo remodelador, que indica uma origem traumática, e na morte de Big John este tecido estaria em cicatrização. A lesão foi possivelmente causada por outro triceratops, o formato de fechadura indica que o golpe que feriu Big John tenha sido infligido por trás, sendo penetrado no folho e deslizando em direção ao rosto.
Big John aparentemente sobreviveu após o embate por algum tempo, comparando o tempo de cicatrização de répteis modernos, tendo em consciência o tamanho do ferimento e o estado de cicatrização, é possível inferir que Big John sobreviveu ao menos 6 meses após seu confronto.
Com isso, analisando as informações do artigo é possível concluir que, triceratops realmente não tinham uma vida fácil durante o cretáceo superior, uma vez que além de interagir com grandes predadores como os Tyrannosaurus, esses animais ainda tinham que lidar com embates violentos com espécimes semelhantes.

Foto: Triceratops horridus (esquerda) ,Torosaurus latus (direita)
Nobu Tamura (http://spinops.blogspot.com), CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons
Fonte: D’ANASTASIO, Ruggero; CILLI, Jacopo; BACCHIA, Flavio; FANTI, Federico; GOBBO, Giacomo; CAPASSO, Luigi. Histological and chemical diagnosis of a combat lesion in Triceratops. Scientific Reports, [S.L.], v. 12, n. 1, p. 1-8, 7 abr. 2022. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41598-022-08033-2.