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O que são esponjas marinhas e qual a sua importância?

Atualizado: 10 de out. de 2022

As esponjas marinhas são alguns dos organismos belíssimos que compõem os recifes de corais, e podem viver solitárias ou formando colônias. Além disso, desempenham papéis fundamentais para os ecossistemas marinhos. Confira, neste artigo, o que são esponjas marinhas e qual a contribuição delas para o meio ambiente!

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O que são esponjas marinhas?


As esponjas marinhas são animais pertencentes ao filo Porifera (do latim porus = “poro”; ferre = “possuir”) e, também, únicos representantes do filo. Como a própria etimologia (origem) da palavra denota, são organismos dotados de poros por todo o corpo. Além disso, são animais pluricelulares e sésseis, ou seja, fixos ao substrato, que podem ser areia, rochas, algas, troncos, entre outros.


No passado, acreditava-se que as esponjas marinhas eram plantas, devido à sua morfologia. Entretanto, com o avanço de estudos baseados nesse organismo, foi comprovado que são animais devido à presença de membrana basal (em algumas espécies), colágeno, proteínas que são sintetizadas apenas por animais, dentre outras características que permitiram que as esponjas fossem classificadas dentro do o Reino Animalia.


As esponjas marinhas podem ter formas diversas.
Esponjas marinhas de diferentes formas. Fonte: DK Find Out!.

Apesar deste artigo focar em esponjas marinhas, é importante mencionar que estes organismos também podem ser encontrados em ambientes dulciaquícolas (rios) e estuarinos (transição entre rio e mar). De acordo com o livro Invertebrados, de Brusca e Colaboradores (2018), há cerca de 9.000 espécies vivas de esponjas descritas, sendo 220 espécies dulciaquícolas.


Morfologia das esponjas


Por serem animais simples, do ponto de vista morfológico, as esponjas marinhas não possuem sistemas (por exemplo, digestório, excretor, respiratório etc.). Aliás, as esponjas não passam pelo processo de gastrulação, logo, não formam tecidos verdadeiros (ectoderme, endoderme e mesoderme). E, por não possuírem sistema nervoso, não sentem dor!


Entretanto, há, no interior das esponjas, camadas de células exclusivas do filo Porifera: os coanócitos, células flageladas, utilizadas pelas esponjas marinhas para bombear água pelo seu corpo e, assim, obter alimento, realizar trocas gasosas, excretar, além de serem fundamentais para a reprodução.


A camada a qual os coanócitos estão inseridos chama-se coanoderme e, na maioria das vezes, estão inseridos no átrio (ou espongiocele), que é a cavidade interna das esponjas marinhas, onde a água circula até serem liberadas pelo ósculo (abertura na região superior das esponjas).


Além dos coanócitos, as esponjas marinhas possuem mais um conjunto de células e estruturas que compõem a sua morfologia, com as respectivas funções (compare na figura abaixo):


  • Pinacócitos: células responsáveis pelo revestimento;


  • Porócitos: formam os poros, sendo o local de entrada da água denominado óstio (ou ostíolo);


  • Arqueócitos ou amebócitos: células móveis, com capacidade de se diferenciar e auxiliam na digestão;


  • Espículas: formam o esqueleto interno das esponjas, servindo para sustentação, sendo compostas por carbonato de cálcio ou dióxido de silício (estruturas mineralizadas);


  • Escleroblastos: produzem as espículas.


Principais tipos de células das esponjas marinhas.
Tipos principais de células das esponjas marinhas. Fonte: livro Biologia dos Invertebrados, 7º edição.

Além disso, as esponjas marinhas podem ser enquadradas em três morfologias:


  • Ascon: a coanoderme é simples, contínua e praticamente sem dobras;


  • Sicon: a coanoderme pode tornar-se dobrada, formando câmaras coanocitárias/flageladas (compostas por coanócitos);


  • Leucon: é a forma mais complexa das esponjas, compostas por câmaras coanocitárias/flageladas com canais aquíferos interligando-as, ausência de espongiocele e geralmente possui mais de um ósculo (evitando a pressão interna devido à quantidade de água em seu interior).


As três morfologias das esponjas marinhas são ascon, sicon e leucon.
Diferentes morfologias das esponjas marinhas. Fonte: Bio Explica.

Curiosidades das esponjas marinhas


As esponjas marinhas são relativamente simples. Entretanto, elas utilizam algumas estratégias de vida de modo que as tornam seres diferenciados. Vejamos algumas curiosidades das esponjas:


Foram os primeiros animais no planeta Terra


São os metazoários (animais) mais antigos ainda existentes, sendo que seus fósseis mais antigos datam do Cambriano, há cerca de 500 milhões de anos. Desde então, as esponjas se diversificaram enormemente e, atualmente, existem cerca de 9.000 espécies conhecidas, sendo que há estimativas de que ainda existam cerca de 7.000 para serem descobertas.


Esponjas marinhas são organismos filtradores


Como já foi mencionado anteriormente, as esponjas marinhas filtram a água do mar para poder realizar algumas atividades metabólicas, sobretudo a digestão de partículas orgânicas presentes na água.


Essas partículas, ao adentrar a esponja marinha, são apreendidas por meio dos coanócitos, e estes fagocitam (englobam) as partículas e as levam até o interior do corpo para serem digeridos pelos amebócitos.


Fluxo de água


O fluxo de água no interior das esponjas marinhas, ao contrário do que muitas pessoas possam imaginar, não seguem um fluxo desordenado. O controle do fluxo da água é promovido por meio dos coanócitos presentes na coanoderme, seguindo sempre a sequência: porócito → câmara coanocitária (quando houver) → átrio (ou espongiocele) → ósculo.


Esse fluxo pôde ser comprovado através da utilização de líquidos fluorescentes liberados na base das esponjas marinhas, para que as mesmas pudessem expelir esse líquido pelo ósculo, como mostrado no vídeo abaixo:



As esponjas são bioindicadoras


Algumas espécies de esponjas possuem células sensoriais, ou seja, são sensíveis a algo no ambiente. Devido a essa característica são consideradas bioindicadoras.


Imagine a seguinte situação: uma determinada região marítima sofreu um grande despejo de materiais tóxicos, atingindo recifes de corais (onde também há a presença de esponjas marinhas). Como as esponjas são animais filtradores, absorvem alguns tipos de poluentes que ficam retidos em suas células, a exemplo de alguns metais pesados. A depender da quantidade absorvida, as esponjas podem se reabilitar e continuar vivendo.


Mas então, como podemos constatar que as esponjas marinhas absorvem poluentes?


Há espécies de esponjas marinhas que são indicadoras de poluição pelo simples fato de estarem em determinada região (por serem sensíveis, podem morrer). Um outro método muito utilizado são cortes histológicos (tecido do animal) para análise em microscópio; na maioria das vezes, são encontrados metais pesados e microplásticos.


Desenvolvimento de propágulo de resistência


Tendo em vista que as esponjas são bioindicadoras, como uma forma de resistir a condições desfavoráveis do ambiente, as esponjas marinhas podem produzir estruturas denominadas gêmulas ou propágulos de resistência. Para iniciar o processo, os arqueócitos acumulam nutrientes, fagocitando outras células das esponjas e, após isso, agrupam-nas dentro da esponja.


A gêmula possui uma cobertura protetora espessa, formada por espículas e uma massa de arqueócitos (as células tronco/totipotentes) em seu interior e uma abertura por onde essas células são expelidas (ver imagem abaixo). As gêmulas, em geral, são muito mais resistentes à dessecação, ao congelamento e à anoxia (falta de oxigênio) do que as próprias esponjas que as produzem.


As gêmulas são produzidas quando a esponja marinha está pra morrer se continuar em determinado ambiente hostil.
Gêmula (ou propágulo de resistência) de esponjas marinhas. Fonte: livro Biologia dos Invertebrados, 7º edição.

As esponjas marinhas se regeneram


Se uma esponja for despedaçada, seja por ação antrópica ou por mecanismos naturais (como tempestades) em fragmentos até mesmo microscópicos, os pedaços vão passar por um processo chamado reorganização celular (por meio do reconhecimento celular) e se regenerar, formando várias novas esponjas.

Que tal ver esse processo no microscópio de forma acelerada?



Qual a importância das esponjas marinhas?


No subtópico de curiosidades, já foi apresentada uma importância grandiosa das esponjas: elas são organismos bioindicadores do ambiente. Entretanto, há mais curiosidades a respeito das esponjas, tais como:


Fornecimento de abrigo


Algumas esponjas alcançam dimensões consideráveis (até 2 m de altura nos recifes do Caribe e até mesmo tamanhos maiores na Antártida). Por conta disso, muitos organismos, desde moluscos a peixes, podem se abrigar dentro da espongiocele de esponjas asconóides ou siconóides (apresentadas anteriormente), podendo desempenhar relações ecológicas como comensalismo (uma espécie é beneficiada e a outra não, porém também não é prejudicada).


Indústria farmacêutica e economia


As esponjas têm sido um importante alvo de estudo da indústria farmacêutica, uma vez que produzem uma grande diversidade de metabólitos (produtos sintetizados pelo metabolismo das esponjas) com atividade antibiótica, antiviral, anti-inflamatória, antitumoral e antimitótica (interferindo no processo de divisão celular, úteis para produção de quimioterápicos), entre outras.


Graças ao descobrimento desses metabólitos, a indústria farmacêutica pôde trabalhar na produção de medicamentos, auxiliando também na economia.


Formação dos ecossistemas recifais


Outra importância gigantesca das esponjas marinhas é o fato de serem um dos constituintes dos recifes de corais. Muitas esponjas podem ser incrustantes (cobrindo rochas ou até mesmo alguns corais), outras esponjas marinhas podem ser digitiformes (dotadas de algumas projeções), tubulares ou com formas variáveis.


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Escrito por: Manoel Celestino de Pontes Filho (@manoelpontes_)

Revisado por: Juliana Cuoco Badari (@jujubadari)


Como citar este texto:


PONTES FILHO, M. C.; BADARI, J. C. O que são esponjas marinhas e qual a sua importância?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/esponjasmarinhas>. Acesso em:


Referências bibliográficas:


BRUSCA, R .C.; MOORE, W.; SHUSTER, S. M. Invertebrados, 3ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018.


FRANSOZO, A. Zoologia dos Invertebrados. 1ª ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016.


HICKMAN, C. P. J. et al. Princípios Integrados de Zoologia, 16ª ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016.


ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Porifera. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/4914-porifera>.Acesso: 05/06/2021.


PECHENIK, J. A. Biologia dos Invertebrados. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2016.



 

Manoel Pontes

Redator

Graduado em Ciências Biológicas (licenciatura) pela UFPB. Mestrando em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA/UFPB). Atua em atividades de ensino e extensão.


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