O dragão azul é uma espécie de molusco marinho, que vive em colônias flutuantes em mar aberto. São pequenos animais de coloração azul que se alimentam de certos tipos de águas-vivas e inclusive incorpora as células urticantes de suas presas para sua própria defesa. Apesar de viverem longe da costa, podem ocorrer encalhes em grandes quantidades desses animais, junto com suas presas e é recomendado que se evite encostar neles.
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Quem é o Dragão Azul?
O dragão azul pertence ao grupo dos nudibrânquios, grupo das chamadas lesmas do mar, animais muito coloridos e diversos, que são “parentes próximos” dos caramujos e caracóis. Eles são moluscos e, atualmente, existem duas espécies descritas de dragão azul, sendo a que ocorre no litoral brasileiro chamada de Glaucus atlanticus.
Esses curiosos e belíssimos animais são, como o próprio nome sugere, azuis, com o dorso mais claro e ventre mais escuro. Curiosamente, esses animais costumam flutuar de barriga para cima, ficando assim com a parte mais clara para baixo e a mais escura para cima.
Os dragões azuis são animais muito pequenos, medindo de 3 a 4 centímetros de comprimento. Possuem 3 pares de agrupamentos de “dedos” no corpo, que podem parecer, mas não são membros locomotores.
Dragão Azul com ventre virado para cima. Fonte: ©Sylke Rohrlach/ Wikimedia Commons
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Como vive um Dragão Azul?
Ocorrendo por todo o globo, com exceção das regiões polares, esses animais costumam formar colônias que ficam flutuando na superfície do oceano, geralmente em áreas de mar aberto, longes da costa. São animais planctônicos, ou seja, possuem nenhuma, ou muito reduzida, capacidade de locomoção por conta própria. Assim, essas colônias se movimentam de acordo com as correntes marítimas e de vento.
Por conta de correntes fortes que podem ocorrer em direção à costa, podem ocorrer encalhes em massa desses animais nas praias, como já foi registrado na região sul do Brasil, comumente acompanhados por algumas águas-vivas, que são suas principais presas.
Habitam somente águas tropicais e subtropicais, preferindo águas mais quentes. As águas frias das regiões mais próximas aos pólos podem atuar como barreiras físicas na distribuição desses animais.
Notícias sobre o Dragão Azul no Brasil
Em agosto de 2020, uma notícia do G1 Bahia relatou o aparecimento desse animal no litoral de Salvador. A matéria diz que, segundo o IBAMA, foi o primeiro registro da espécie na região. Além disso, conta com a fala do professor da Universidade Federal de Alagoas / Penedo, Cláudio Sampaio, especialista em animais marinhos. Segundo ele, os ventos de sul e de leste podem trazer esses animais, que costumam viver em águas mais longe da costa, para as praias.
Como este texto, a matéria traz informações sobre a biologia da espécie, bem como a recomendação de cautela ao encontrá-lo. Você pode lê-la na íntegra aqui.
Neste início de setembro de 2021, o Dragão Azul novamente encontrou espaço na mídia brasileira ao ser encontrado na praia de Bertioga, em São Paulo. Em um pequeno vídeo do G1, aparece um exemplar vivo deste animal se movendo, a informação de ter sido encontrado por uma arquiteta que recolhia lixo na praia e, novamente, se informa o espectador que o animal pode causar danos à pele se tocado e que seu encalhe é fruto de ventanias e correntes marítimas.
Você pode assistir o vídeo do G1 aqui.
Dragão Azul X Cnidários
Os dragões azuis tem uma relação muito interessante com alguns cnidários, grupo ao qual pertencem as águas-vivas, hidrozoários e corais. Physalia physalis, a caravela-portuguesa, Velella velella, o veleiro, e Porpita porpita são suas principais presas (no Instagram do Museu de Ciências Naturais da UFRGS você pode ver mais sobre estas três espécies).
Veleiro, Porpita porpita e caravela-portuguesa. Fonte: Wiki Commons
Porém, essa relação acaba aí. Os dragões azuis utilizam os “balões”, ou partes flutuantes, de suas presas para ancorarem seus ovos, que ficam aderidos uns aos outros em fios gelatinosos produzidos pelos próprios dragões azuis.
Uma outra, e talvez mais interessante utilidade que os dragões azuis têm para suas presas é que, ao ingerí-las, eles incorporam seus cnidócitos e os armazenam nos seus “dedos”, utilizando-os para sua própria defesa! Vale lembrar que os cnidócitos são um tipo de célula urticante, que injeta veneno, única e característica dos cnidários. São eles que fazem as águas-vivas “queimarem”.
Os dragões azuis não são muito perigosos para os seres humanos, dado seu pequeno tamanho e por viverem longe da costa. Porém, podem vir a causar alguns acidentes desconfortáveis por conta dos cnidócitos incorporados, principalmente se tiverem sido obtidos de uma caravela-portuguesa. Então, se você ver esses animais na praia, o melhor para você, e para ele, é evitar o contato.
Para você, professor!
Você pode falar sobre estes animais em uma aula sobre os grupos de animais Cnidários e Moluscos, perguntando aos seus alunos a qual grupo estes animais pertencem e que características eles observaram que justifique sua resposta.
Também podem ser falados quando se trabalha os ecossistemas costeiros e oceânicos, bem como interações interespecíficas como a predação de cnidários pelos dragões azuis e a incorporação dos cnidócitos.
Escrito por: Eduardo Gastal
Revisado por: Érika Pinheiro
Como citar este texto:
GASTAL, E. R. S.; PINHEIRO, E. F. Você conhece o Dragão Azul do mar?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/dragaoazul>. Acesso em:
Referências:
CHURCHILL, C. K. C., VALDÉS, Á., & Ó FOIGHIL, D. (2014). Molecular and morphological systematics of neustonic nudibranchs (Mollusca : Gastropoda : Glaucidae : Glaucus), with descriptions of three new cryptic species. Invertebrate Systematics, 28(2), 174.
PINOTTI, R. M., BOM, F. C., & MUXAGATA, E. (2019). On the occurrence and ecology of Glaucus atlanticus Forster, 1777 (Mollusca: Nudibranchia) along the Southwestern Atlantic coast. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 91.
ROSS, R. M., QUENTIN, L. B. (1990). Mating behavior and spawning in two neustonic nudibranchs in the family Glaucidae. American Malacological Bulletin, 8(1).
SEGOVIA, J., & LÓPEZ, G. (2015). Registro de Glaucus atlanticus en la costa de El Salvador, Pacífico de Centroamérica. Revista Mexicana de Biodiversidad, 86(4), 1089–1090.
https://www.nhm.ac.uk/discover/nudibranchs-psychedelic-thieves-of-the-sea.html
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