Gambá é um mamífero marsupial nativo das Américas que não lança maus cheiros para se defender. Equivocadamente é confundido com o cangambá (ou "gambá americano"), mamífero placentário, que utiliza-se de jatos de líquidos mal cheirosos como defesa. Venha descobrir mais diferenças.
Quer ir para alguma parte específica deste artigo? Basta clicar em qualquer um dos tópicos:
Você já pensou em produzir conteúdo para Internet? Escrevemos um E-book 100% gratuito com diversas ferramentas perfeitas para isso. Aproveite!
Gambá é um marsupial?
O gambá é um marsupial escalador, geralmente noturno, encontrado em florestas pelas Américas. No Brasil o gênero Didelphis é o mais comum. Este animal também é conhecido como sariguê ou saruê.
As fêmeas de gambás, assim como outros marsupiais (cangurus e coalas), apresentam uma “bolsa” ao redor das mamas. Essa bolsa é chamada de marsúpio e nada mais é do que uma dobra de pele abdominal onde os filhotes, em sua fase inicial de desenvolvimento, ficam alojados recebendo leite até o término dessa fase.
Após o término de seu desenvolvimento no marsúpio, os filhotes ainda não são capazes de viverem sozinhos, por isso são transportados pela mãe em suas costas.
Fato curioso: A palavra “gambá” vem da língua tupi-guarani e significa “ventre aberto”, “seio oco” ou “saco vazio”, uma referência ao marsúpio das fêmeas.
Veja este vídeo para conhecer mais sobre a reprodução dos marsupiais (legenda disponível em português).
Quais são as características do gambá?
As características físicas mais marcantes dos gambás são:
Orelhas e focinho pontudos;
Pelagem densa;
5 dedos em cada pata com polegares opositores.
Os polegares opositores nada mais são que os dedões, importantes para o animal agarrar e escalar. Por isso as 4 patas dos gambás lembram “mãozinhas”.
Cauda preênsil com pelos apenas na base.
A cauda preênsil atua como se fosse um quinto membro, ajudando o animal a escalar e se agarrar nos galhos. Ela funciona como se fosse uma corda de segurança, caso o gambá precise usar as patas dianteiras, a cauda o deixa bem preso ao galho sem riscos de queda.
O gambá é fedido?
Ao contrário do que se pensa, o gambá não lança jatos de líquidos fétidos em seus agressores. Para se defender ele utiliza-se de duas táticas principais:
O gambá pode abrir a boca mostrando os dentes e rosnar, tentando parecer ameaçador e assim intimidar o agressor.
Praticar tanatose, ou seja, fingir-se de morto para após determinado período de tempo sair andando em busca de refúgio.
Durante situações de forte estresse o gambá pode exalar maus cheiros, mas não tem a capacidade de lançá-los.
Cheiros fortes também podem ser produzidos durante o período de reprodução, nessa situação o cheiro tem função de atrair parceiros ou parceiras. Por isso é comum que gambás façam “trilhas” com esses odores.
Fizemos para você um kit de slides gratuitos que deixarão as suas aulas ainda mais interessantes. Aproveite!
O que o gambá come?
Gambás são onívoros, ou seja, comem de tudo um pouco. Sua dieta consiste principalmente em frutos, sementes, néctar de flores, artrópodes (como insetos, aranhas e carrapatos) e pequenos vertebrados (como cobras, camundongos e pequenas aves).
Essa dieta onívora faz com que o gambá tenha um relevante papel ecológico. Ao se alimentar de sementes e frutos, ele defeca algumas sementes que estão prontas a germinar em lugares diferentes da floresta. Isto é chamado dispersão de sementes.
Esse comportamento favorece a disseminação de espécies vegetais ao longo de uma região, assim esse animal acaba atuando como um “jardineiro” da floresta. Gambás também já foram observados polinizando flores ao se alimentar do néctar de algumas espécies de plantas.
Eles também contribuem no controle da população de animais considerados nocivos ou pragas pelos humanos, ao se alimentar, por exemplo, de cobras, escorpiões, carrapatos, baratas e roedores como camundongos.
Fato curioso: Naturalmente os gambás têm em seu sangue proteínas que inibem a ação do veneno de algumas espécies de cobras. Por isso, estudos para o desenvolvimento de potenciais soros contra a picada destes animais vêm sendo realizados em vários países.
No Brasil a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma das principais instituições de pesquisa que vem estudando a respeito deste tema. Para saber mais sobre a pesquisa leia a notícia publicada pela Fiocruz:
Este fato nos faz refletir sobre a importância de se conservar e conhecer as espécies (não só animais) no que tange o desenvolvimento tecnológico, médico e sustentável da sociedade. O que acabará, direta ou indiretamente, influenciando você, caro leitor!
O que é cangambá?
O cangambá é um mamífero carnívoro e placentário, ou seja, os filhotes são gestados no útero materno envoltos por uma placenta (como os cães, gatos e humanos). A principal característica deles é a capacidade de esguichar jatos de líquidos mal cheirosos para se defenderem.
O cangambá é essencialmente carnívoro, sua dieta inclui: pequenos mamíferos e répteis, insetos, larvas, aranhas e ovos de aves. Ocasionalmente pode ser visto se alimentando de frutos e sementes também.
Diferente dos gambás que são escaladores, os cangambás possuem o hábito de cavar, para isso eles possuem garras curvas nas quatro patas. Além de cavarem atrás de alimento eles também abrem tocas no solo, usadas como abrigos. Também são vistos reutilizando tocas abandonadas por outros animais.
Outras características marcantes são sua pelagem preta com listras ou manchas brancas e cauda totalmente coberta por pelos. Quando ameaçado, o cangambá ergue a cauda como forma de alerta ao agressor, caso o agressor não respeite este sinal ele esguicha o mau cheiro.
Entender os conceitos dentro da biologia são muito importantes para os alunos. Confira nosso glossário COMPLETO da biologia com centenas de termos.
Os animais chamados de cangambás são espécies de dois gêneros diferentes:
Gênero Mephitis: que são também conhecidos como “gambá americano” ou skunk (em inglês). Esses animais só ocorrem naturalmente na América do Norte.
Gênero Conepatus: também chamados de zorrinho ou jaritataca. Esses animais ocorrem nas três Américas. No Brasil as duas únicas espécies nativas são Conepatus chinga e C. semistriatus.
A confusão entre gambás e cangambás se dá pelo fato de seus nomes populares serem parecidos. E a associação equivocada de que o gambá pode esquiçar mau cheiros como os cangambás.
Independentemente de serem fedidos ou não, fofinhos ou esquisitos gambás e cangambás são animais silvestres e devem ser respeitados e admirados como tal. Por isso não os mate!! Caso tenha problemas com estes animais, consulte o poder municipal de sua cidade para receber informações de como proceder.
Um gambá na sala de aula
Para auxiliar você professor a planejar sua aula, damos exemplos de habilidades que podem ser desenvolvidas com seus alunos baseadas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a partir do uso deste texto como material de apoio.
Com os objetivos de promover o conhecimento acerca da fauna brasileira, funcionamento de ecossistemas, diversidade animal, características dos animais, educação ambiental e preservação da biodiversidade, nós indicamos algumas das seguintes habilidades:
Ensino fundamental:
(EF02CI04) “Descrever características de plantas e animais (tamanho, forma, cor, fase da vida, local onde se desenvolvem etc.) que fazem parte de seu cotidiano e relacioná-las ao ambiente em que eles vivem”.
(EF03CI04) “Identificar características sobre o modo de vida (o que comem, como se reproduzem, como se deslocam etc.) dos animais mais comuns no ambiente próximo”.
(EF03CI06) “Comparar alguns animais e organizar grupos com base em características externas comuns (presença de penas, pelos, escamas, bico, garras, antenas, patas etc.)”.
Ensino médio:
(EM13CNT303) “Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações”.
Que tal conhecer mais sobre outros animais e suas características? Visite os posts sobre em nosso Instagram e em nosso Site:
Escrito por: Nicolas Nathan dos Santos
Revisado por: Érika Pinheiro
Referências:
CAVALCANTI, G. N. Biologia comportamental de Conepatus semistriatus (Carnivora, Mephitidae) em Cerrado do Brasil Central. 2010. 46 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
DE ABREU, M. C. Evidência de sinurbização do sariguê (Didelphis) no ecossistema urbano de Feira de Santana (BA): Ocorrência e interação com os seres humanos. 2013. 114 f. Dissertação (Mestrado em Zoologia) – Universidade Federal de Feira de Santana, Feira de Santana, 2013.
DRAGOO, J. Skunk. Encyclopedia Britannica. 2020. Disponível em: https://www.britannica.com/animal/skunk. Acesso em: 07 de Abril de 2021.
GÓMEZ, L. M. M. Caracterização molecular e funcional de proteínas antiofídicas isoladas do soro de Didelphis marsupialis da Colômbia. 2020. 148 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular) - Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.
GUIMARÃES, M. Câmeras noturnas flagram polinização inédita, por gambá. 2020. Disponível em:https://revistapesquisa.fapesp.br/flor-polinizada-por-gamba-surpreende-pesquisadores/. Acesso em: 07 de Abril de 2021.
Nicolas Nathan dos Santos
Revisor
Biólogo Mestre em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente e Especialista em Arborização Urbana. E ávido espectador da magia do mundo (real e imaginário).
Aqui você encontra mais textos meus:
Comments