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O que é medula óssea e qual a sua importância?

Atualizado: 19 de jan de 2023

Neste artigo, você irá conhecer um pouco mais sobre a medula óssea, tecido fundamental para a produção de células sanguíneas. Além disso, ficará por dentro da importância da doação de medula óssea para pacientes oncológicos e de demais patologias do tecido hematopoiético. Confira!

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O que é medula óssea?


A medula óssea se refere ao tecido hematopoiético. Este tecido está presente em cavidades ósseas, representadas pelo canal medular de ossos longos, e pelos pequenos espaços de regiões esponjosas desses ossos (próximas às articulações). É popularmente conhecido como “tutano”, facilmente encontrado, também, em ossos de bovinos, por exemplo.



A imagem 1A mostra a representação do osso fêmur, e a indicação de cada região, como a cartilagem, osso esponjoso, osso compacto, etc., enquanto que a imagem 1B apresenta o esquema em detalhes do local onde se encontra a medula óssea. Fonte: Abrahamsohn (livro Histologia); adaptado por Pontes Filho (2022).
Figura 1. A- representação do osso fêmur, e a indicação de cada região femoral; B - Detalhe do local onde se encontra a medula óssea (Fonte: Abrahamsohn (livro Histologia); adaptado por Pontes Filho (2022)).

Após o nascimento, a medula óssea diminui gradativamente de volume, sendo substituída em grande parte por tecido adiposo, e recebe a denominação “medula amarela”. Em adultos, a medula óssea se restringe principalmente às cavidades esponjosas de poucos ossos, como o omoplata (escápula), ilíaco, esterno, costelas e vértebras.


No entanto, a medula amarela pode se transformar em medula hematogênica (produtora de células sanguíneas), se for estimulada a produzir maior número de células sanguíneas.


Qual a função da medula óssea para nosso organismo?


A medula óssea é responsável pela produção de células sanguíneas, como hemácias/eritrócitos (células vermelhas) e leucócitos (células brancas) em um processo denominado hematopoese, também chamada de hemopoese ou hemocitopoese.


A série branca, como descrita em hemogramas, é composta pelas células de defesa: granulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos), monócitos e linfócitos; neste caso, atuam diretamente em infecções presentes no nosso corpo.


A hematopoese consiste na diferenciação contínua de células sanguíneas a partir de precursores (células-tronco hematopoiéticas) pouco diferenciados que, durante a vida pós-natal, se localizam na medula óssea, proliferam e gradualmente se diferenciam em linhagens distintas especializadas na produção das células maduras do sangue.


Pesquisas com células-tronco hematopoiéticas indicam que estas dão origem a dois tipos de células precursoras: as células-tronco mieloides e as células-tronco linfoides.


  • Células-tronco mieloides: essas células dão origem às hemácias, megacariócitos (dos quais se originam as plaquetas), granulócitos e monócitos.


  • Células-tronco linfoides: originam os diversos tipos de linfócitos.



A figura 2 apresenta um esquema contendo células produzidas pela medula óssea: granulócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos), monócitos, linfócitos, plaquetas e eritrócitos.
Figura 2. Imagem esquemática de células produzidas pela medula óssea. Fonte: Abrahamsohn (livro Histologia).

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Quantas células a medula óssea produz?


Em um adulto saudável, a medula óssea produz, por dia, cerca de 2,5 bilhões de eritrócitos, 2,5 bilhões de plaquetas e 1 bilhão de granulócitos por quilo de peso corporal. Essa produção é regulada de acordo com as necessidades do organismo.


Como é feita a doação de medula óssea?


A doação de medula óssea é realizada a partir da coleta de células para o transplante, através de uma pequena cirurgia, sob anestesia geral, que dura em média 90 minutos. São realizadas algumas punções com agulhas nos ossos do quadril (comumente chamada de “bacia”), para que seja aspirada parte da medula óssea.


É retirado, em média, um volume de 15 ml de medula óssea por quilo de peso do doador. É importante esclarecer que essa retirada não causa qualquer comprometimento à saúde do doador, além de receber alta no dia seguinte ao procedimento. Sim , o doador também precisa ficar internado para ser monitorado pela equipe médica, por ser um procedimento mais delicado do que doação de sangue.


Outra técnica utilizada para a coleta de medula óssea é a doação por aférese. Neste caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, com o objetivo de aumentar o número de células-tronco circulantes no seu sangue.


Após esse período, a pessoa faz a doação por meio da máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa e colhe as células-tronco necessárias ao paciente, e devolve os demais elementos do sangue ao doador.


Neste caso, não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia. A decisão sobre o tipo de doação é exclusivamente dos médicos.


A figura 3 apresenta duas imagens; em A, é possível observar a doação de medula óssea por meio da técnica de punção, enquanto que em B, a doação de medula óssea por meio de aférese. Fontes: Revista Abrale (2021) e Dourados Agora (2018).
Figura 3. A - doação de medula óssea por meio de punção; B - doação de medula óssea por meio de aférese. Fontes: Revista Abrale (2021) e Dourados Agora (2018).

A doação de medula óssea pode ser realizada por dois tipos de doadores:


  • Doadores aparentados: são os próprios familiares, geralmente de primeiro ou, no máximo, segundo grau. Por exemplo: pai, mãe, filhos ou primos;


  • Doadores não-aparentados: pessoas cadastradas no banco de dados do REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). No caso, os doadores compatíveis podem ser localizados dentro ou fora do país.


Com os avanços da ciência, hoje também é possível fazer a retirada de células-tronco a partir do cordão umbilical. Após o nascimento, o cordão umbilical é pinçado (lacrado com uma pinça) e separado do bebê, cortando a ligação entre o bebê e a placenta. A quantidade de sangue (cerca de 70 – 100 ml) que permanece no cordão e na placenta é drenada para uma bolsa de coleta.


Em seguida, no laboratório de processamento, as células-tronco precursoras de medula óssea são separadas e preparadas para o congelamento. Estas células podem permanecer armazenadas (congeladas) por vários anos nos Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, e disponíveis para serem transplantadas.


Como é feito o transplante de medula óssea?


Primeiramente, é importante esclarecer que o transplante de medula óssea é indicado para pacientes portadores de vários tipos de câncer, sejam elas na medula óssea (mieloma), câncer no sangue (leucemias e síndromes mielodisplásicas), câncer no sistema linfático (linfoma) e outras doenças que não são ocasionadas por neoplasias, como anemias congênitas, aplasia medular e Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN).


O paciente indicado para transplante é internado no hospital e submetido a uma série de procedimentos antes, durante e após o transplante de medula . Antes do transplante, o paciente recebe um tratamento que destruirá a sua própria medula, geralmente realizado por quimioterapia e/ou radioterapia durante alguns dias. Parece assustador, mas é necessário para que a medula do paciente não rejeite a medula oriunda do doador!


O transplante pode ser realizado de duas formas:

  • Transplante alogênico: quando o paciente recebe a medula óssea de doadores aparentados ou de doadores não-aparentados;


  • Transplante autólogo: o paciente recebe células-tronco saudáveis da sua própria medula, a depender da recomendação dos médicos.


O transplante de medula óssea é um procedimento rápido, como uma transfusão de sangue, e dura em média 2 horas. A nova medula óssea é rica em células chamadas progenitoras, que uma vez, na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.


Durante o período em que as células-tronco ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas normais, o paciente fica mais exposto a infecções e hemorragias. Por isso, ele permanece internado no hospital em regime de isolamento.


O paciente internado pode fazer uso de medicações que evitem a rejeição da nova medula pelo seu organismo. Essa enfermidade é conhecida como Doença do Enxerto Contra Hospedeiro (DECH), decorrendo de transplantes alogênicos. O DECH ocorre quando alguns linfócitos do doador respondem aos antígenos histoincompatíveis (tecidos incompatíveis) presentes nos tecidos do hospedeiro.



Quero ser doador de medula óssea. Como faço?


É possível se cadastrar como doador de medula óssea nos Hemocentros, localizados em todos os estados do Brasil. Você preencherá um formulário, informando seus dados pessoais, que serão cadastrados no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea).


Além disso, ainda no Hemocentro, será coletada uma pequena quantidade de sangue (5 ml a 10 ml). Essa amostra passará pelo exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório que identifica suas características genéticas, que serão cruzados com os dados de pacientes que necessitam de transplantes para determinar a compatibilidade.


Informações importantes: para ser doador de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 35 anos de idade e gozar de boa saúde. Mesmo que você seja compatível com o doador e convocado para fazer doação, será acompanhado por uma série de hematologistas (especialidade clínica que estuda o sangue) para realizar alguns exames. Todos esses procedimentos são imprescindíveis para garantir um transplante de sucesso!


Após realizar o cadastro, é necessário validar sua declaração por meio do site do REDOME. Além disso, os doadores devem manter seus dados atualizados, tendo em vista que, a qualquer momento, você pode ser convocado para realizar os procedimentos para doar medula óssea.


Esclareça suas demais dúvidas: Perguntas e respostas do doador (REDOME).


Benefícios dos doadores de medula óssea


Assim como os doadores de sangue, doadores de medula óssea também possuem alguns benefícios, a fim de incentivar mais pessoas a se cadastrarem como doadores.


Alguns desses benefícios, a depender do estado que você mora, são: pagamento de meia-entrada em eventos culturais, museus e cinemas, além de poder usufruir de atendimento preferencial em estabelecimentos comerciais, como bancos e supermercados.


De acordo com a Lei Federal nº 13.656 de 30 de abril de 2018, candidatos doadores de medula óssea que realizem concursos para provimento de cargo efetivo ou emprego permanente em órgãos ou entidades da administração pública direta e indireta da União, possuem isenção da taxa de inscrição.



Dia mundial do doador de medula óssea


O Dia Mundial do Doador de Medula (World Marrow Donor Day) é comemorado, em todo o mundo, sempre no terceiro sábado de setembro.


Em datas próximas a esse grande dia, são realizadas campanhas de sensibilização, para conscientização do público sobre a importância de ser doador de medula óssea.


Vale ressaltar que, para se realizar o cadastro como doador de medula óssea, pode ir aos Hemocentros em qualquer época do ano. Logo, caso não seja cadastrado, seja solidário e cadastre-se, muitas pessoas necessitam da sua ajuda!


Como aplicar o tema “medula óssea” na sala de aula?


A medula óssea está intimamente associada com o conteúdo de histologia, tendo em vista que esse tecido está presente em ossos longos, e possui algumas funções para nosso corpo (como as mencionadas acima).


Você, professor, pode trabalhar este texto com seus estudantes como material de apoio, você pode seguindo as seguintes habilidades da BNCC:


(EF01CI02) Localizar, nomear e representar graficamente (por meio de desenhos) partes do corpo humano e explicar suas funções.


(EF06CI05) Explicar a organização básica das células e seu papel como unidade estrutural e funcional dos seres vivos.


(EF06CI06) Concluir, com base na análise de ilustrações e/ou modelos (físicos ou digitais), que os organismos são um complexo arranjo de sistemas com diferentes níveis de organização.


Como sugestão de recursos didáticos, você pode utilizar a plataforma Mozaik 3D. Neste site, você encontrará esquemas relacionados ao sistema vascular e sistema esquelético (indicando onde pode ser encontrado a medula óssea nos ossos), além de lições digitais que podem auxiliar na resolução e discussão de questões com os discentes.


Você tem mais exemplos e sugestões de como abordar e trabalhar a decomposição em sala de aula? Então deixe aqui embaixo nos comentários!


Confira, em nosso Instagram, conteúdos relacionados a doações de órgãos e medula óssea:


Escrito por: Manoel Celestino de Pontes Filho (@manoelpontes_)

Revisado por: Nicolas Nathan dos Santos


Como citar este texto:


PONTES FILHO, M. C.; SANTOS, N. N. O que é medula óssea e qual a sua importância?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/medulaossea>

Acesso em:


Referências:


ABRAHAMSOHN, P. Histologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.


JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia Básica: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.


Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Disponível em: <http://redome.inca.gov.br/>. Acesso: 18/07/2022.



 

Manoel Pontes

Redator

Graduado em Ciências Biológicas (licenciatura) pela UFPB. Mestrando em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA/UFPB). Atua em atividades de ensino e extensão.


Aqui você encontra mais textos meus:


 


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