Sem dúvidas, vocês sempre ouviram falar sobre a Amazônia, principalmente a respeito de alguns problemas ambientais, como é o caso dos desmatamentos e queimadas. Entretanto, tudo isso se refere à Amazônia Verde. Isso mesmo, a Amazônia Verde corresponde à floresta, localizada na região norte do Brasil e países vizinhos. A Amazônia Azul, por sua vez, está localizada em nossos mares, e é muito rica em relação aos recursos naturais. Vamos conferir o que é a Amazônia Azul e qual a sua importância para o nosso país!
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A Amazônia Azul
A Amazônia Azul nada mais é do que uma área oceânica pertencente ao Brasil, a qual totaliza 4.500.000 km², correspondendo a metade da área terrestre do país, aproximadamente, e se refere à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil.
Essa imensa área se distribui desde a região Norte do país (região do Cone do Amazonas e Cadeia Norte Brasileira), e segue pelo Sudeste (região da cadeia Vitória-Trindade e platô de São Paulo) e Sul (região de platô de Santa Catarina e cone do Rio Grande).
O termo “Amazônia Azul” foi empregado pela primeira vez em 2004 pelo ex-Comandante da Marinha Almirante de Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, e surgiu a partir do intuito de expandir a plataforma continental brasileira, através da submissão da chamada “Proposta de Limite Exterior da Plataforma Continental Brasileira” à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) das Nações Unidas, em 17 de maio de 2004.
Desde o aceite da proposta de expansão em 2004, o Brasil continuou lutando por mais área oceânica, e foi justamente em 2006 que finalizou nos 4,5 milhões de km², como mencionado anteriormente. Com a promulgação da proposta, houve uma grande repercussão mundial tanto em relação à economia quanto na política externa do Brasil.
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Reservas biológicas inseridas na Amazônia Azul
A Amazônia Azul possui muitas ilhas que, assim como toda a faixa litorânea, são repletas de riquezas naturais e paisagens exuberantes. Vejamos alguns exemplos a seguir:
Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP)
É formado por um conjunto de ilhas rochosas localizadas a cerca de 1.000 km do litoral do Rio Grande do Norte (adentrando no hemisfério norte); contudo, o arquipélago pertence ao estado de Pernambuco. Sua área total é de, aproximadamente, 17.000 m² .
Segundo a Marinha do Brasil, apesar do arquipélago ser inóspito para moradias e turismo, o ASPSP está situado na rota migratória de peixes com alto valor comercial, revelando-se uma região bastante promissora para a atividade pesqueira nacional (interesse econômico).
Além disso, o ASPSP sempre despertou elevado interesse científico, pois trata-se de um caso raro de formação de ilhas, cercadas de rica biodiversidade, que proporciona condições únicas para a realização de pesquisas em diversos ramos da ciência.
Leia mais: Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo.
Atol das Rocas
Antes de tudo, é válido esclarecer que a palavra “atol” refere-se a uma formação recifal que se origina a partir de uma cratera de uma ilha vulcânica, distante da costa, e que possui um formato oval.
O Atol das Rocas, presente na Amazônia Azul, é o único atol do Atlântico Sul, e é um dos locais mais isolados do planeta. Segundo um noticiário do G1, no Atol das Rocas os movimentos da maré abrem e fecham caminhos; quando a água sobe, divide o atol em duas pequenas ilhas: a Ilha do Farol e a Ilha do Cemitério. Quando desce, a água faz nascer piscinas naturais paradisíacas.
O atol, formado por uma pequena porção de areia, envolta por um cordão de recifes de corais e formações de algas, fica no topo de uma cadeia de montanhas submarinas. Está localizado a mais de 250 km do estado do Rio Grande do Norte (o qual pertence).
Leia mais: Conheça a guardiã do único atol do Atlântico Sul.
Arquipélago de Fernando de Noronha
O arquipélago de Fernando de Noronha é formado por duas Unidades de Conservação federais: o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha. Toda sua área faz parte da região metropolitana do Recife (Pernambuco), mesmo estando localizada a cerca de 545 km da costa.
O arquipélago possui grande variedade de habitats, cobertura recifal, alto grau de endemismo de espécies marinhas, tudo isso refletindo na elevada biodiversidade, motivo pelo qual a região é de extrema importância para a conservação marinha.
Segundo o Governo do Estado de Pernambuco, o Arquipélago de Fernando de Noronha é composto por vinte e uma ilhas, rochedos e ilhotas. Sua extensão terrestre abrange o total de 26 km². Sua ilha principal, e única habitada, é a chamada “Fernando de Noronha”.
Leia mais: Portal oficial de Fernando de Noronha.
Parque Nacional Marinho de Abrolhos (PARNA MAR Abrolhos)
Criado no ano de 1983, por meio do Decreto Federal nº 88218, o parque é um marco para a conservação marinha no Brasil. Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o PARNA MAR Abrolhos possui 87.943 hectares de Unidade de Conservação (UC) que ajudam a proteger a região com a maior biodiversidade marinha do Brasil, bem como de todo o Atlântico Sul.
O Arquipélago dos Abrolhos pertence ao município de Caravelas, estado da Bahia, e é composto pela: Ilha Redonda, Ilha Siriba, Ilha Sueste, Ilha Guarita e Ilha Santa Bárbara (essa, excluída dos limites do parque e sob jurisdição da Marinha do Brasil).
Ilha da Trindade e Arquipélago Martim Vaz
De acordo com a Marinha do Brasil, a Ilha da Trindade foi descoberta em 1501, pelo navegador português João da Nova e batizada um ano depois, por Estevão da Gama, com o nome que conserva até hoje, em homenagem à Santíssima Trindade, em função das três elevações mais conspícuas (chamam maior atenção), que se avistam à distância. O ponto mais alto é o pico São Bonifácio, com cerca de 625 metros de altura.
O Arquipélago Martim Vaz se localiza a 46 km de distância (à leste) da Ilha Trindade, configurando-se como o ponto extremo leste de todo o território brasileiro. Ambas as ilhas pertencem ao estado do Espírito Santo.
Espécies presentes na Amazônia Azul
É mais do que evidente que a Amazônia Azul é uma das maiores áreas de biodiversidade do planeta. Serafini e colaboradores (2010), listaram para as ilhas oceânicas apresentadas acima, com base em levantamento bibliográfico, o quantitativo de espécies presentes (figura 5).
É importante reforçar que esses dados referem-se apenas a alguns grupos de animais marinhos presentes nas reservas biológicas inseridas na Amazônia Azul, não incluindo organismos vertebrados terrestres, como aves e répteis, e marinhos, como os cetáceos.
Em suma, não há uma quantidade exata de espécies terrestres e sobretudo aquáticas que ocorrem na Amazônia Azul, devido à sua vasta imensidão. Mas, sem dúvidas, milhares e milhares de seres tornam vivo um local com forte influência científica, econômica e política, com posição geograficamente estratégica.
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A importância da Amazônia Azul
Cerca de 80% da população brasileira reside perto do litoral; entretanto, infelizmente há um fato que é inversamente proporcional a esse valor: a população brasileira não compreende a importância dos oceanos e de sua preservação. Isso é facilmente perceptível ao visualizarmos uma das práticas mais desrespeitosas que muitas pessoas insistem em fazer que é o descarte de lixo no ambiente marinho.
Com base apenas neste exemplo, temos como consequência: ingestão de plástico e demais resíduos sólidos pelos organismos marinhos, toxicidade da água, e com o passar do tempo, com o plástico em decomposição na água, pode surgir o que chamamos de microplástico (partículas extremamente pequenas de plástico), entre outras problemáticas.
Para salientar a importância do mar, o Ministério da Educação, em colaboração com a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), elaborou dois livros didáticos:
O Mar no Espaço Geográfico Brasileiro: apresenta conceitos sobre o que é a Amazônia Azul e qual a sua importância, uso racional do mar, ilhas oceânicas brasileiras, ecossistemas costeiros, riquezas presentes no mar, unidades de conservação marinhas, fenômenos oceanográficos e climatológicos, futuro dos oceanos e o mar como sendo nossa última fronteira.
A Importância do Mar na História do Brasil: aborda a história da navegação, expansão marítima europeia, descobrimento do brasil, invasões no território brasileiro, formação da Marinha Imperial e na República Brasileira e atuação da Marinha, o mar no contexto atual da nossa história e a história naval no Brasil.
Além da importância ambiental, como fonte de estudos para inúmeras pesquisas e trabalhos de educação ambiental, a Amazônia Azul tem importância econômica, levando em consideração, também, o mercado e a política externa do Brasil.
É na Amazônia Azul onde se encontram inúmeras plataformas com uma das mais altas produções de petróleo do mundo! Isso só é possível devido à presença de estratos fossilíferos (fósseis decompostos) numa camada chamada de Pré-Sal, localizadas entre 5 mil a 7 mil metros abaixo do nível do mar. A presença do petróleo na Amazônia Azul representa a maior importância econômica do Brasil.
O levantamento da plataforma continental no oceano, pertencente ao território brasileiro, é importante também para a política exterior do país em relação à posição atlântica brasileira, pois acentua sua presença na região, além de contribuir para despertar o interesse de outros Estados costeiros da necessidade e conveniência de também definirem seus limites exteriores de margens continentais.
Atuação da Marinha do Brasil na Amazônia Azul
Temos que a Amazônia verde, representada pela gigante Floresta Amazônica, é um local com uma vasta biodiversidade, tanto em relação às plantas, quanto aos animais, fungos e muitos organismos microscópicos.
Dessa maneira, comparando a Floresta Amazônica com a extensão oceânica pertencente ao Brasil, é indiscutível a grandeza da biodiversidade nesta área. Logo, o país dispõe de uma verdadeira ‘Amazônia Azul’.
A respeito da Amazônia Azul, o Brasil possui direitos sobre esta área, mas também tem obrigação de conhecê-la e explorá-la economicamente, claro, de forma racional e sustentável. Consequentemente, as riquezas inimagináveis desse espaço marinho, sob jurisdição nacional, exigem também um Poder Naval capaz de protegê-las. É nesse momento em que a Marinha do Brasil entra em cena.
A Marinha não possui, como função, apenas encaminhar alertas ao governo ou a população a respeito da importância da Amazônia Azul, mas também precisa estar sempre preparada para novos desafios e pronta a proteger todas as riquezas presentes na região oceânica.
Diante tantas funções, é de grande prioridade da Marinha do Brasil:
Proteger as plataformas de petróleo, os quais detém grande importância econômica para a nação;
Defender as águas sob a jurisdição brasileira, bem como o próprio território brasileiro, incluindo as ilhas, os arquipélagos, a costa e os rios (como a grande foz do Rio Amazonas).
Dessa maneira, a Marinha do Brasil, para poder dar conta da proteção nacional, possui alguns meios de transporte aquáticos para fiscalizar a Amazônia Azul, como é o caso de navios de patrulha e submarinos, ambos conectados por meio de um sistema via satélite que monitora o que acontece na superfície, subsuperfície e no espaço aéreo das águas jurisdicionais brasileiras e em boa parte do Atlântico Sul.
Como aplicar a Amazônia Azul na sala de aula?
Primeiramente, é necessário ressaltar a importância de reconhecer e preservar a biodiversidade marinha em todos os aspectos. Inúmeros artigos científicos apontam o quão nossos mares são prejudicados pelo descarte incorreto de resíduos sólidos e manejo inadequado dos recursos naturais.
Seguindo esse viés, não é válido apenas conceituar a Amazônia azul, expondo sua importância para os alunos. É necessário realizar atividades que reforcem as teorias e reflitam na nova e futuras gerações os benefícios da conservação marinha, não apenas referentes à Amazônia Azul.
Pontes Filho (2022) fez um diagnóstico que aponta as principais metodologias ativas aplicadas por professores em sala de aula, para se estudar e compreender temas que abrangem a vida marinha, além das aulas de campo. Alguns exemplos são:
Ciclos de debates: os professores disponibilizam temas geradores, para que a turma possa discutir acerca do conteúdo, expondo não só opiniões (por parte dos alunos) como também fatos e dados concretos (por parte dos professores). Pode associar ao brainstorming (dinâmicas com tempestade de ideias);
Oficinas ecopedagógicas: baseia-se em uma educação voltada ao respeito da natureza baseada em atitudes diárias, buscando soluções para os problemas gerados pelo homem ao meio ambiente;
Atividades artísticas: estão relacionadas a atividades lúdicas que envolvem a capacidade cognitiva dos discentes, como a elaboração de paródias, peças teatrais, desenhos, modelos didáticos em 3D, elementos produzidos a partir de materiais recicláveis, entre outros.
Leia a pesquisa completa: A "vida marinha" nas escolas brasileiras do Novo Milênio (2001-2022): o que a literatura nos revela?
Somado a isso, atividades de educação ambiental devem ser realizadas inter e transdisciplinarmente, tendo em vista que os docentes devem estimular os discentes à prática dos 7 R’s: repensar, respeitar, responsabilizar-se, recusar, reduzir, reaproveitar e reciclar.
Leia mais a respeito da Amazônia Azul:
Confira mais assuntos incríveis em nosso Instagram e outros dos nossos textos sobre a biodiversidade marinha, indicados abaixo:
Escrito por: Manoel Celestino de Pontes Filho (@manoelpontes_)
Revisado por: Juliana Cuoco Badari (@jujubadari)
Como citar este texto:
PONTES FILHO, M. C.; BADARI, J. C. O que é a Amazônia Azul?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/amazoniaazul>. Acesso:
Referências bibliográficas:
CHAVES, P.T. O Mar no Espaço Geográfico Brasileiro. Brasília: MEC, 2005.
Globo Repórter. Veja como o movimento da maré muda o visual do Atol das Rocas. Disponível em: <https://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2022/04/03/veja-como-o-movimento-da-mare-muda-o-visual-do-atol-das-rocas.ghtml>.
SERAFIM, C.F.S. A Importância do Mar na História do Brasil. Brasília: MEC, 2006.
SERAFINI, T. Z.; DE FRANÇA, G. B.; ANDRIGUETTO-FILHO, J. M. Ilhas oceânicas brasileiras: biodiversidade conhecida e sua relação com o histórico de uso e ocupação humana. Revista de Gestão Costeira Integrada-Journal of Integrated Coastal Zone Management, v. 10, n. 3, p. 281-301, 2010.
SILVA, A.P.O novo pleito brasileiro no mar: a plataforma continental estendida e o Projeto Amazônia Azul. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 56, n. 1, p. 104-121, 2013.
VILELA, Érico Sant’Anna. Amazônia Azul: a estratégia da Marinha do Brasil para a segurança marítima. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola Superior de Guerra. 2020.
WIESEBRON, M. Amazônia azul: Pensando a defesa do território marítimo brasileiro. Revista Brasileira de Estratégia e Relações Internacionais, v. 2, n. 3, p. 107-131, 2013.
Manoel Pontes
Redator
Graduado em Ciências Biológicas (licenciatura) pela UFPB. Mestrando em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA/UFPB). Atua em atividades de ensino e extensão.
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Texto ótimo, parabéns pela escrita!😉