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O que é varíola e por que você não precisa se desesperar por isso?

Atualizado: 13 de set. de 2022

Perto do fim da pandemia da Covid-19 e os jornais publicam a notícia de surtos da varíola dos macacos, você deve estar se perguntando: De novo uma pandemia? É, não tá fácil pra ninguém… Iremos falar sobre o que é a varíola, suas espécies e um spoiler: dentre elas está a varíola dos macacos! Você também saberá sobre patogenicidade, transmissão, vacina e sobre o que a OMS (Organização Mundial da Saúde) diz a respeito dos novos surtos da varíola dos macacos!


Quer ir para alguma parte específica deste artigo? Basta clicar em qualquer um dos tópicos:



O que é varíola e como ela é transmitida?


A varíola comum ou varíola humana é uma doença infecciosa causada pelo vírus da Varíola vírus, responsável por várias mortes e epidemias entre o século X e XX . Existem dois tipos: A varíola major , sendo ela mais grave e com um índice de mortalidade de 30% e a varíola minor, menos grave que a v. major e com um índice de mortalidade de 1%.


Sua transmissão ocorre através de gotículas respiratórias, contato direto com lesões, contato com ambientes ou objetos contaminados, roupas e roupas de cama contaminadas. A capacidade de transmissão é menor comparada a da gripe e do sarampo.


Como é a patogenicidade da varíola?


O vírus da varíola entra no organismo por vias respiratórias e após um período de incubação de 7-17 dias passa para uma fase que dura de 2 a 3 dias em que o infectado sente dores de cabeça, febre e dores nas costas. A partir desse momento a temperatura corporal aumenta e começam a aparecer as erupções.


Essas erupções começam a crescer em pápulas, na face, depois de dois dias se tornam vesículas dolorosas, que contém partículas virais, que se multiplicam, até que cobrem o corpo.


Após um período essas lesões criam “cascas” e cicatrizam, podendo deixar marcas no corpo.


As lesões dérmicas, secreções conjuntivais e a urina contém partículas virais que podem contaminar outros indivíduos.



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Orthopoxvirus: Devo me preocupar com a varíola dos macacos?


Acabamos de enfrentar a pandemia do COVID-19 e agora, com essa história da varíola dos macacos, você deve se perguntar: Quando é que iremos viver em paz?!


Apesar das notícias serem alarmantes e um tanto quanto assustadoras, calma!


Além da varíola humana existem outros principais tipos de varíola. Pertencentes à mesma família de vírus, a Poxviridae e ao gênero Orthopoxvirus, que são um grupo de vírus zoonóticos.





Dentre as espécies mais populares estão: Monkeypox virus (varíola dos macacos); Cowpox virus (Variola Bovina) e Vaccinia virus.



Monkeypox: Varíola dos macacos


A varíola dos macacos possui duas cepas: uma cepa na África Central que se chama Cepa da Bacia do Congo e a outra cepa menos grave que é da África Ocidental.


Diferentemente das outras Varíolas, o Monkeypox virus é um vírus menos virulento e não se compara ao Variola vírus, pois sua taxa de mortalidade é muito abaixo de 1%.


Apesar da doença ter o nome de “Varíola dos macacos”, é importante esclarecer que o vírus não provém dos macacos. O mesmo vírus também foi encontrado em roedores, como o cão-da-pradaria. Esse nome só se tornou popular porque a primeira descoberta foi nos macacos, entretanto, assim como nós, eles também são vítimas da doença.


Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) não há evidências de que sua transmissão seja feita por via sexual. Até onde se sabe a transmissão do animal para o humano ocorre com contato direto ou indireto de sangue, lesões e mucosas de animais contaminados.


A transmissão de pessoa para pessoa é por gotículas infectadas, lesões da pele, inoculação ou transmissão por contato das mucosas com locais e objetos contaminados.


Cowpox vírus: Varíola Bovina


A Varíola bovina é uma zoonose rara, apesar do nome, o meio de transmissão para os humanos são contatos com ratos e gatos contaminados. Comumente a doença causa lesões na pele, porém há um relato de caso raro de varíola ocular.


O caso aconteceu na Polônia, de um homem de 35 anos, que foi infectado por varíola bovina que se localizou na pálpebra.


Após a infecção, a pálpebra foi necrosada pela doença e teve que passar por várias cirurgias, inclusive a reconstrução de pálpebra.


Vaccinia virus: vírus da vacina


Durante a erradicação da varíola entre o séc. X e XX o vírus Vaccinia foi importante, pois era utilizado como amostra vacinal para erradicação da doença. Após isso, cepas selvagens desse vírus circulam com o nome de Buffalopox, como em países como a Ásia.



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O que diz a Organização Mundial da Saúde


Em resposta aos surtos da varíola dos macacos, em 27 de julho de 2022, a OMS publicou em seu site que o risco geral é moderado em nível global. Na Região Europeia, o risco é alto e em outras regiões apontadas pela OMS, levando em consideração os padrões epidemiológicos, o risco é moderado.



Tabela 1. Casos confirmados de varíola símia por região e país da OMS de 1º de janeiro de 2022 a 22 de junho de 2022, 17:00 CEST. Fonte: Organização Mundial da Saúde.



Entretanto, a OMS continua monitorando de perto a situação, com investigação laboratorial, isolamento, medidas de prevenção e controle de infecção.


Enquanto isso, o sequenciamento do DNA viral do vírus do surto está em progresso. Alguns dados preliminares indicam que o genes desse vírus pertençam a cepa que apresenta menor risco- a cepa da África Ocidental.


Bioterrorismo com a varíola humana: O que dizem os cientistas


Apesar da varíola humana ter sido considerada como erradicada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1980, após sua erradicação houve uma preocupação em manter estoques do vírus para pesquisas essenciais em laboratórios, um deles nos EUA e outro na Rússia.


Alguns cientistas relatam que há possibilidade de existirem estoques em laboratórios clandestinos para a prática de bioterrorismo, o que se viesse a acontecer, seria motivo de preocupação global.



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Existe vacina para a varíola?


Sim, existe! E, segundo estudos, a vacina da varíola pode fornecer alguma proteção para casos de varíola dos macacos. Porém, nem tudo são flores…


A vacina da varíola foi descontinuada em 1980 quando a doença foi considerada erradicada.


Portanto a maior parte da população está vulnerável a essa doença e somente pessoas que foram vacinadas nos últimos anos de 1980 estão imunizadas. Mas, você quer uma notícia boa?


O Tecovirimat, um agente antiviral, foi aprovado pela agência Europeia de Medicamentos pela Health Canada e pela FDA dos Estados Unidos e na União Europeia para o tratamento da varíola.



Quer entender mais sobre a importância da vacina? Fizemos um texto que vai te explicar! Atenção para o spoiler: O texto conta que a primeira vacina a ser desenvolvida foi a vacina da varíola! Quer saber mais? Acesse aqui.


Como trabalhar o tema Varíola dentro de sala de aula?

Introduza o assunto para os alunos sem enchê-lo de informações que talvez possam sobrecarregá-los. Explique para a classe sobre o vírus, seus mecanismos básicos, sua transmissão, suas características e dê exemplos. Fale sobre a varíola e seu modo de prevenção.


O aluno carrega dúvidas e vivências no seu dia a dia. Abra um espaço para uma roda de conversa e tire suas dúvidas. Esse momento em que empresas jornalísticas divulgam notícias de surtos é um momento perfeito para explicar para os alunos sobre determinados assuntos, pois podemos incentivá-los a repassar informações seguras para seus amigos e familiares.

Esse tema está incluso e pode ser trabalhado em algumas habilidades da BNCC (Base Nacional Comum do Curricular):


Ensino Fundamental:


(EF07CI09) Interpretar as condições de saúde da comunidade, cidade ou estado, com base na análise e comparação de indicadores de saúde (como taxa de mortalidade infantil, cobertura de saneamento básico e incidência de doenças de veiculação hídrica, atmosférica entre outras) e dos resultados de políticas públicas destinadas à saúde.


(EF07CI10) Argumentar sobre a importância da vacinação para a saúde pública, com base em informações sobre a maneira como a vacina atua no organismo e o papel histórico da vacinação para a manutenção da saúde individual e coletiva e para a erradicação de doenças.


(EF09CI11) Discutir a evolução e a diversidade das espécies com base na atuação da seleção natural sobre as variantes de uma mesma espécie, resultantes de processo reprodutivo.


Ensino médio:


(EM13CNT104) Avaliar os benefícios e os riscos à saúde e ao ambiente, considerando a composição, a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais e produtos, como também o nível de exposição a eles, posicionando-se criticamente e propondo soluções individuais e/ou coletivas para seus usos e descartes responsáveis.


(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar.


(EM13CNT304) Analisar e debater situações controversas sobre a aplicação de conhecimentos da área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias do DNA, tratamentos com células-tronco, neurotecnologias, produção de tecnologias de defesa, estratégias de controle de pragas, entre outros), com base em argumentos consistentes, legais, éticos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos de vista.


Ideia complementar: Trabalho em grupo


Separe a turma em grupos pequenos, peça para elaborar cartilhas de orientações de saúde pública sobre a Varíola dos Macacos. Não se esqueça de enfatizar a importância de realizarem buscas em fontes bibliográficas de qualidade e fazer uso de informações provenientes de sites oficiais e confiáveis, a fim de evitar a disseminação de informações falsas para a comunidade.


A UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) publicou uma cartilha que pode servir de exemplo. Veja clicando aqui.


O professor deve fazer a correção junto aos alunos e, assim, fazer a distribuição das cartilhas.



Escrito por: Erika Guedes (@erikaguedesz)

Revisado por: Juliana Cuoco Badari (@jujubadari)


Como citar este texto:

GUEDES, E. A. O.; BADARI, J. C. O que você precisa saber sobre a varíola?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/variola>. Acesso:


Referências:


BREMAN J.G. Smallpox. Journal Of Infectious Diseases, v. 224, n. 12, p. 379-386, 2021.

DIAZ, J.H. “The Disease Ecology, Epidemiology, Clinical Manifestations, Management, Prevention, and Control of Increasing Human Infections with Animal Orthopoxviruses.” Wilderness & environmental medicine, v., 32, n. 4, p.528-536, 2021.


GEDDES, A.M. The history of smallpox. Clinics in Dermatology, v. 24, n. 3, p.152-157, 2006.

BREMAN, J.G.; HENDERSON, M.D. Diagnosis and Management of Smallpox. The New England Journal of Medicine, v. 346, n. 17, p.1300-1308, 2002.PESQUISADORES EXPLICAM A ATUAL IMPORTÂNCIA DO VÍRUS VACCINIA. Agência Fiocruz de notícias. Disponível em: <https://agencia.fiocruz.br/pesquisadores-explicam-a-atual-import%C3%A2ncia-do-v%C3%ADrus-vaccinia#:~:text=O%20v%C3%ADrus%20vaccinia%20(VACV)%20%C3%A9,infec%C3%A7%C3%A3o%20pelo%20v%C3%ADrus%20da%20var%C3%ADola> Acesso em: 05 de jul. de 2022.


SURTO DE VARÍOLA EM VÁRIOS PAÍSES: ATUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO. World Health Organization. Disponível em:

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